Papéis avulsos

As ações da Hypermarcas, presidida por Cláudio Bergamo, apresentaram uma alta de 4% na quinta-feira 6. Foi uma das primeiras boas notícias em muitas semanas. Mesmo com essa valorização, os papéis vêm amargando uma das maiores perdas do pregão: no ano, as ações ordinárias caíram 62,1%. No mesmo período, o Índice Bovespa acumula queda de 24,5%. Já o índice de bens de consumo, formado pelas empresas mais beneficiadas pela pujança do mercado interno, acumula queda de 10,9%. O que vem prejudicando a Hypermarcas?

 

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A aquisição da Mantecorp, no fim do ano passado, por R$ 2,5 bilhões, foi paga com ações, o que aumentou a quantidade de papéis em circulação, deprimindo seus preços. Além disso, a empresa decepcionou os investidores ao divulgar os resultados. O lucro líquido registrou queda de 13,6% no primeiro semestre do ano em comparação com o mesmo período de 2010. A perda foi tanta que o analista Rafael Espinoso, da corretora Votorantim, enviou um relatório a seus clientes na quarta-feira 5 alertando para a “oportunidade técnica” de comprar ações do grupo. Espinoso não falou com a DINHEIRO, mas o comentário geral do mercado é de que a empresa pode representar uma oportunidade de ganho no curto prazo – embora haja uma probabilidade de o investidor ter de se servir de alguns de seus produtos recomendados para dores de cabeça e de estômago.

 

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Destaque no pregão


…muitos gostam da Vale

 

As ações preferenciais da Vale têm apresentado desempenho acima da média do mercado. No ano, elas registram baixa de 15,4%, quase dez pontos percentuais menos que a queda  do Ibovespa. Segundo analistas do Bank of América Merrill Lynch, as ações refletem uma cotação de US$ 90 por tonelada de minério de ferro, quando as perspectivas para o minério são de US$ 160 a US$ 170 para o fim de 2012. A empresa presidida por Murilo Ferreira apresenta um bom plano de investimentos e isso deverá recuperar os papéis. 

 

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Palavra de analista: “A Vale tem de estar na carteira de todos os investidores, porque suas exportações para a China não dão sinais de diminuição. Além disso, se o dólar continuar no patamar acima de R$ 1,80, ela terá mais ganhos”, afirma Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros.

 

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Educação financeira

 

No livro Fuzilar Heróis e Premiar Covardes, o autor Alfredo Behrens propõe uma reflexão sobre os conceitos de liderança e gestão no universo corporativo da América Latina por meio de diálogos entre personagens clássicas da literatura latino-americana. BEĨ Editora, 276 páginas, R$ 39,00.

 

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Touro x Urso

 

Na quinta-feira 6 circularam insistentes rumores de que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado dos estrangeiros que investem em ações, hoje em 2%, será zerado. Informação não confirmada pelo Ministério da Fazenda, mas que foi considerada confiável pelos profissionais de mercado. Como resultado, a bolsa se encaminhou para o fim da semana bem mais animada do que nos dias anteriores. Mesmo assim, ainda há pouco o que comemorar: na semana, até a quinta-feira, a baixa era de 2% e em um mês, 7,6%. Para os próximos dias, os investidores vão acompanhar o desenrolar da crise na Europa, em uma semana mais curta devido ao feriado da quarta-feira 12.

 

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Quem vem lá


Desenvix em busca de potência

 

A empresa de energias renováveis Desenvix listou suas ações no mercado de balcão organizado Bovespa Mais na segunda-feira 3. Ela tornou-se a segunda companhia a participar desse segmento de acesso, ao lado da Nutriplant. Com foco na geração de energia por meio de fontes renováveis, a empresa, controlada pelo grupo Engevix e pelo fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, tem uma capacidade instalada de geração de 3,4 gigawatts de eletricidade. A companhia vinha planejando realizar uma abertura de capital (IPO) no Novo Mercado, mas devido à crise econômica mundial, que deprimiu os preços das ações e tornou os investidores arredios, optou pelo mercado de acesso.

 

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Fique de Olho: até a quinta-feira 6, não haviam sido realizados negócios com as ações da companhia. A maior desvantagem do Bovespa Mais é que as empresas listadas nesse segmento costumam ser pouco negociadas.

 

 

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Mercado em números


TIM

 

R$ 1,7 bilhão – É o montante captado pela TIM Participações com a venda de ações concluída na terça-feira 4, para ingressar no segmento de banda larga fixa. A operadora de telefonia móvel vai reservar 20% desse capital para lançar serviços novos em São Paulo e no Rio de Janeiro já no primeiro trimestre de 2012. 

 

 

Gol


R$ 70 milhões É o valor pelo qual foi concluída a já anunciada compra da Webjet pela Gol Linhas Aéreas. O montante ainda está sujeito a pequenos ajustes que serão calculados nos próximos 70 dias. 

 

 

Romi


R$ 7,42 milhões - É o valor bruto aprovado pelo conselho de administração da Indústrias Romi para distribuição em juros sobre capital próprio. Têm direito os investidores que tinham ações da empresa até 14 de setembro. 

 

 

Pão de Açúcar


48,1% - É a nova participação do grupo francês Casino no Pão de Açúcar. Quarta-feira 5, a holding Rallye, controladora do Casino, comunicou ao mercado a aquisição de 600 mil ações preferenciais do varejista brasileiro, além da opção de compra de outros 5 milhões de papéis. 

 

 

 

 

 

Pelo mundo


Deutsche Bank não cumprirá meta de 2011

 

O Deutsche Bank assumiu que a crise da dívida grega impedirá o cumprimento das metas traçadas para 2011, e que o lucro antes de impostos de 10 bilhões de euros previsto para o ano não vai acontecer. No dia do anúncio, os papéis do Deutsche caíram mais de 6% no pregão alemão.

 

 

 

Marriott tem prejuízo 

 

A rede de hotéis Marriott registrou prejuízo líquido de US$ 179 milhões no terceiro trimestre do ano, uma reversão em relação ao lucro de US$ 83 milhões no mesmo período de 2010. O anúncio da quarta-feira 5 aconteceu após o fechamento do mercado. No dia seguinte, as ações subiram 1%. 

 

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UBS promete lucro no terceiro trimestre

 

Apesar da fraude que causou uma baixa de US$ 2,3 bilhões, o banco suíço UBS garantiu que terá ganhos no terceiro trimestre. “Esperamos reportar um lucro líquido por ação modesto”, afirmou o banco em comunicado. No dia do anúncio, os papéis caíram 1% na bolsa de Zurique.  

 

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Personagem


A Totvs vai carimbar o passaporte

 

Após um processo de seleção iniciado em junho, a Totvs escolheu Alexandre Dinkelmann para assumir, na segunda-feira 17, três cargos executivos – as vice-presidências executiva e financeira e de estratégia de mercado – e a diretoria de relações com investidores. Com passagens por companhias como Brookfield Incorporações, Even Construtora e Pactual, Dinkelmann vai acumular muitas milhas aéreas. Sua missão será estruturar a operação internacional da empresa de softwares de gestão. Laércio Cosentino, presidente da Totvs, conversou com DINHEIRO sobre essa escolha. 

 

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Laércio Cosentino, presidente: a meta é avançar nos Brics

 

Como se deu o processo de escolha de Alexandre Dinkelmann?

Estamos vivendo uma nova fase na empresa. Já tivemos uma para definir nosso DNA, outra para crescer, a seguinte para abrir capital e alcançar faturamento anual superior a R$ 1 bilhão. Agora, queremos transformar a Totvs em uma companhia global. Precisávamos de alguém que tivesse habilidades financeiras e pudesse, ao mesmo tempo, contribuir com esse novo momento.

 

Dinkelmann vem de setores distintos daqueles em que a Totvs atua. Como isso pode influenciar?

Somos uma empresa de tecnologia e o que não falta aqui são bons especialistas nessa área.Precisamos de pessoas vindas de outros setores, com outras experiências, para trazer visões diferentes. Às vezes, fazemos as coisas da maneira como estamos acostumados. Então, precisamos de um novo olhar. Ele tem a experiência no setor financeiro, uma habilidade que queremos, e em construção, onde há sempre inovação.

 

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Uma das tarefas será colaborar com essa expansão internacional. Quais são os planos?

Já estamos presentes em 23 países: basicamente, em toda a América Latina, em Portugal e em Angola. Como somos uma empresa de software baseada e criada num país emergente, buscamos mercados parecidos com o nosso. Então, podemos pensar em países como China, Índia e Austrália, entre outros.

 

Como será feita essa expansão? 

Já iniciamos um processo de consolidação no mercado latino-americano, criamos uma marca e realizamos um bom número de fusões e aquisições nesse período. Além disso, temos um dos melhores modelos de distribuição do mundo ao nosso lado, que é o sistema de franquias. 

 

E como será financiada?

A empresa é uma boa geradora de caixa, o que garante recursos. Além disso, somos uma empresa aberta, o que facilita buscar capital no mercado financeiro a qualquer momento. Nos últimos anos, tivemos um ótimo parceiro, o BNDES, que pode ajudar também.

 

 

 

Colaboraram Fernanda Pressinott e Lilian Sobral