As maiores potências mundiais se reunirão nesta segunda-feira durante uma importante conferência da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), a primeira desde as recentes acusações de espionagem russa contra sua sede em Haia.

A OPAQ enfrentará tensas discussões em torno de uma nova equipe de investigação, encarregada de identificar os responsáveis pelos ataques na Síria e cujas atividades devem começar no início do próximo ano.

Em junho, a Rússia comparou a organização a um Titanic que estava “afundando”, seguindo a decisão da maioria dos 193 estados membros de fortalecer os poderes da OPAQ autorizando-a a identificar o autor de um ataque químico e não apenas documentar o uso da referida arma.

Dois meses antes, as autoridades holandesas prenderam e expulsaram quatro agentes russos que preparavam um ataque cibernético contra a sede da organização, pouco depois da tentativa de envenenamento do ex-russo Sergey Skripal em Salisbury (sul da Inglaterra), do qual Londres acusa a Rússia.

A poucos dias desta importante reunião, seu novo diretor-geral, Fernando Arias, reconheceu que a OPAQ está passando por um “período difícil”.

Arias, que assumiu o cargo no final de julho, fará o discurso de abertura da Conferência dos Estados Membros na segunda-feira, durante a qual integrantes como Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e França terão a oportunidade de usar da palavra.

A organização, laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2013, é responsável por supervisionar a implementação da Convenção sobre Armas Químicas (CWC), que proíbe a produção e o armazenamento de armas químicas.

A OPAQ afirma ter contribuído para a eliminação de 96% das reservas mundiais declaradas de armas químicas desde a sua entrada em vigor em 1997.

– Equipe forte –

Ataques químicos repetidos na Síria desde 2013, um ex-agente russo envenenado com a substância neurotóxica Novichok em março na Inglaterra, o meio irmão do líder norte-coreano Kim Jong Un envenenando com VX na Malásia em 2017: a multiplicação do uso da arma química ampliou consideravelmente o papel de OPAQ nos últimos anos.

A reunião que começa nesta segunda tem como objetivo ativar os novos poderes que foram acertados com a OPAQ durante uma votação a portas fechadas em junho.

A organização agora pode atribuir responsabilidade de futuros ataques químicos em todo o mundo, desde que seja solicitada pelo país em que o incidente ocorrer.

Rússia e Irã, aliados da Síria, opuseram-se ao reforço desses poderes, denunciando o risco de politizar a organização.

De acordo com Fernando Arias, a OPAQ está implementando uma “missão de resposta rápida” a qualquer uso da arma química no mundo, bem como uma equipe “muito pequena, mas muito forte” para a Síria.

Esta equipe, composta por uma dezena de membros, tem como objetivo identificar os responsáveis pelos ataques químicos realizados na Síria desde 2013.