Quando lançou o iPhone, em 2007, a Apple resolveu tirar a palavra Computer de seu nome. Optou por acrescentar apenas Inc. Afinal, a empresa fundada por Steve Jobs, morto em 2011, apostava em outros aparelhos, além de seus desktops e notebooks.

Guardadas as devidas proporções, a fabricante brasileira Positivo resolveu seguir a Apple e mudar o seu nome. Sai o Informática e entra o Tecnologia.

A princípio, a troca parece trivial e de pouca relevância. Mas um observador atento do que vem acompanhando o que vem acontecendo com a empresa de Curitiba sabe que a Positivo é, cada vez, menos uma empresa de computadores.

“Éramos uma empresa de computadores desde a origem”, afirmou ao blog BASTIDORES DAS EMPRESAS, Hélio Rotenberg, presidente da Positivo. “Mas começamos a produzir outros dispositivos, como smartphones.”

No quarto trimestre de 2016, os telefones inteligentes representaram 38,5% da receita líquida da Positivo, que somou R$ 1,7 bilhão. Os desktops ficaram com uma fatia de 23,9% e os notebooks, com 33,1%.

Ao longo do ano passado, o blog BASTIDORES DAS EMPRESAS alertava para as mudanças que aconteciam na companhia. Em março de 2016, um post mostrava que a Positivo estudava investir em novas áreas. Em novembro, constatava que a companhia estava se transformando em uma empresa de smartphones.

No ano passado, a Positivo praticamente dobrou sua fatia no mercado brasileiro de celulares. Ela tinha uma participação de 2,3%, em 2015, e fechou com 4,8% em 2016 – o número inclui smartphones e features phones, aparelhos mais simples com recursos limitados para acesso a internet.

Essa diversificação foi importante para que a Positivo conseguisse equilibrar suas contas. Em 2016, todas as suas linhas de produtos tiveram vendas negativas – destkops, notebooks e tablets.

A exceção são os celulares, cujas vendas cresceram 95,9%. Foram vendidos 2,3 milhões de aparelhos no ano passado. A receita bruta desses aparelhos teve um salto de 143,1%, somando R$ 617,7 milhões. “Há três anos, nossa participação era zero”, afirma Rotenberg. “Os smartphones salvaram o ano.”

Mesmo assim, a Positivo obteve receita líquida de R$ 1,7 bilhão em 2016, uma queda de 5,3%. O lucro de R$ 8 milhões reverteu um prejuízo de R$ 79,9 milhões, em 2015.

Ao mesmo tempo, a Positivo se prepara para investir pesado na área médica. Ela comprou 50% da startup Hi Technologies e se prepara para lançar novos produtos ainda neste segundo trimestre.

“Vamos investir em outras áreas, dentro do universo de internet das coisas, big data e inteligência artificial”, afirma Rotenberg.

O executivo diz que esses investimentos podem acontecer de forma orgânica, mas não descarta a compra de empresas para acelerar a entrada em novos mercados.