Aviões e helicópteros de combate a incêndio retomaram, neste domingo (21), seus voos para apoiar os bombeiros que lutam desde sábado contra um incêndio numa região montanhosa do centro de Portugal.

O incêndio já deixou 20 feridos na região de Castelo Branco, incluindo oito bombeiros e doze civis, segundo relatório do Ministério do Interior. Um civil gravemente queimado foi evacuado por helicóptero para Lisboa, 200 km ao sul.

Às 12h30 (8h30 de Brasília), mais de 1.300 bombeiros e 400 veículos lutavam contra as chamas, de acordo com o site da Defesa Civil. A maior parte deste dispositivo trabalha perto do município de Vila de Rei, com cerca de 800 bombeiros, 245 veículos e 13 meios aéreos.

“Apenas o incêndio em Vila de Rei continua ativo”, disse o ministro do Interior de Portugal, Eduardo Cabrita.

O incêndio em Vila de Rei percorreu cerca de 25 km desde o seu ponto de origem.

Dois outros incêndios florestais declarados no sábado foram controlados durante a noite.

“A origem dos incêndios está sob investigação (…) há algo estranho, como cinco incêndios significativos começam em áreas tão próximas?”, questionou Cabrita, insinuando a existência de uma pista criminosa.

Nenhum vilarejo foi evacuado, mas a Defesa Civil indicou que pode tomar esta medida “sem qualquer hesitação em caso de agravamento da situação”.

De noite, várias casas foram evacuadas por precaução. O Estado-Maior do Exército anunciou neste domingo que instalou uma cozinha de campanha em Vila de Rei, capaz de alimentar até 600 pessoas.

Poucas horas antes, o Exército anunciou o envio de 20 soldados e quatro veículos para “abrir caminhos e facilitar o acesso dos bombeiros”.

Cinco regiões no centro e do sul de Portugal estão em alerta máximo para incêndio devido à seca e ventos.

Mas as temperaturas permanecem abaixo de 41 graus na região de Castelo Branco, um limiar que desencadeia o alerta vermelho de onda de calor.

Os incêndios florestais, alimentados pelos ventos fortes, começaram no sábado à tarde em três frentes de difícil acesso na região de Castelo Branco.

Estas regiões montanhosas e cobertas de florestas do centro de Portugal são regularmente vítimas de incêndios, incluindo os mais mortíferos da história do país. Em junho e outubro de 2017 um total de 114 pessoas morreram em dois grandes incêndios.

Região altamente afetada pelo êxodo rural, é habitada principalmente por pessoas idosas, cujos vilarejos se escondem nas florestas de eucalipto, uma espécie extremamente inflamável, mas muito procurada pela indústria do papel.

Apesar dos riscos, os habitantes locais plantam essas árvores que crescem muito rapidamente e representam para elas uma fonte de renda significativa.

Campos e pastagens são abandonados, as florestas não são mais cuidadas e a vegetação rasteira facilita o alastramento do fogo.

Traumatizado por esses desastres, o governo mobilizou meios significativos para impedir a recorrência de grandes incêndios.

No início de junho, decidiu nacionalizar o sistema de comunicações de emergência (SIRESP), muito criticado por uma série de deficiências durante os incêndios mortais de 2017. Na ocasião, os bombeiros, pouco equipados com meios de transmissão, tiveram problemas para coordenar suas operações e bloquear as estradas a tempo de impedir que os motoristas ficassem presos nas chamas.

De acordo com um estudo do Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais (EFFIS) publicado em maio, mais de 250.000 hectares foram queimados em toda a Europa entre janeiro e abril de 2019, um total que já ultrapassou os 181.000 hectares queimados durante toda a temporada de incêndios de 2018.