As empresas cotadas no Reino Unido podem, a partir desta segunda-feira (17), levantar fundos no mercado chinês, uma novidade para grupos estrangeiros e uma boa notícia para Londres no contexto do Brexit.

Os dois países iniciaram o projeto chamado London-Shanghai Stock Connect, batizado com o nome de seus centros financeiros, por ocasião das negociações bilaterais na capital britânica, celebrando o “diálogo” econômico e financeiro entre Reino Unido e China.

O ministro britânico das Finanças, Philip Hammond, recebeu nesta segunda-feira o vice-premiê chinês, Hu Chunhua, para discutir questões econômicas, cooperação financeira e comércio, informou a pasta em um comunicado.

Esta é a décima reunião deste tipo entre os dois países desde 2008. Desde então, o comércio de bens e serviços mais do que duplicou, alcançando 69 bilhões de libras.

O principal anúncio foi o início do programa London-Shanghai Stock Connect, resultado de quatro anos de trabalho. Essa plataforma permite que grupos chineses levantem fundos no mercado de Londres e empresas britânicas possam atrair investidores na China.

Com isso, os dois centros financeiros poderão aumentar significativamente seu âmbito de atuação e alcançar muito mais investidores.

De acordo com o Tesouro britânico, esta é a primeira vez que as empresas estrangeiras poderão competir no mercado da China continental.

Do lado chinês, o corretor Huatai Securities é o primeiro grupo a se lançar, graças a este programa. Ele deu seus primeiros passos no mercado de ações em Londres neste segunda-feira, após levantar US$ 1,5 bilhão.

No total, 260 empresas chinesas sãoé consideradas elegíveis para a plataforma.

“Londres é um centro financeiro como nenhum outro, e o anúncio de hoje é um forte voto de confiança no mercado britânico”, disse Hammond.

Para Catherine McGuinness, chefe política da City de Londres, este acordo de mercado “muda o jogo” e constitui “uma boa notícia para o Reino Unido, para a China e para a economia global”.

Para os financistas britânicos, é um sopro de ar fresco, enquanto a incerteza do Brexit, agora previsto para o final de outubro, minou a atratividade do Reino Unido e esfriou os meios empresariais.

A reunião sino-britânica acontece, porém, em um contexto tenso, quando a participação nas redes 5G da gigante chinesa de telecomunicações Huawei atrai críticas, com os Estados Unidos acusando-a de espionagem.

Londres deve dizer em breve se permitirá que a Huawei participe da implantação desta tecnologia no país. Várias operadoras já optaram por não oferecer telefones da marca chinesa para 5G.

Em uma entrevista coletiva, Philip Hammond disse que discutiu o caso da Huawei com o vice-premiê chinês.

Ele lembrou que existe um “regime especial” para tratar as preocupações de segurança com o grupo chinês.

“Funciona bem”, assegurou.

“Temos um relacionamento muito bom com o grupo, e eles são muito receptivos a quaisquer preocupações levantadas pelo Reino Unido”, completou Hammond, que não revelou nada a respeito da futura decisão do governo sobre a rede 5G.