Apesar de o Planalto ainda não confirmar oficialmente, deputados da Frente Parlamentar de Agropecuária já dão como certa a presença do presidente Michel Temer no almoço que acontecerá logo mais com deputados na bancada em uma casa do Lago Sul.

Temer vai aproveitar para faturar com representantes da bancada ruralista a edição da medida provisória que ficou conhecida como o Refis do Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural), que vinha sendo um pleito dos ruralistas. A Frente Parlamentar pela Agropecuária reúne 209 deputados.

Intensivo

Na véspera da votação em plenário da denúncia pedindo seu afastamento do cargo, o presidente Michel Temer dedicará seu dia hoje, mais uma vez, não só a assegurar o quórum na votação de nesta terça-feira, 2, mas um quórum qualificado, com pelo menos 250 deputados.

Para atingir o objetivo, vale tudo. Até ir em busca de votos de quem já anunciou que irá votar contra ele. É o caso dos deputados Laudívio Carvalho (SD-MG) e Jaime Martins (PSD-MG). Mas Temer não deixará de buscar também os indecisos e os que evitam responder como votarão. Na agenda oficial, pelo menos seis deles serão recebidos por Temer nesta terça-feira.

A primeira tarefa do presidente Temer para esta terça é garantir quórum na votação porque o seu objetivo é encerrar esse processo o quanto antes, para poder virar a página. Portanto, o Planalto está pedindo a parlamentares que, mesmo que não queiram votar contra a denúncia, que compareçam para dar quórum e, se puder, se abstenha. A abstenção conta a favor de Temer.

Apesar disso, há na cúpula do governo quem defenda que a responsabilidade por quórum é da oposição e que, se a denúncia não for apreciada amanhã, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, toque a pauta da Câmara.

No domingo, dia 30, após reunião com o presidente, ministros e líderes, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse ao Broadcast Político que o governo continua “com a convicção” que tem os votos necessários e que a ideia do governo é continuar trabalhando independente da denúncia ser apreciada ou não.

“O que está em vigor hoje é o parecer da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que rejeitou a denúncia. Se a oposição boicotar e não quiser dar quórum no dia 2, nós vamos defender que o presidente Rodrigo Maia toque a pauta da Câmara independente da pendência deste assunto”, afirmou, na ocasião.

Padilha e outros integrantes do governo estão evitando abertamente falar em números, mas auxiliares de Temer garantem que há pelo menos 250 votos a seu favor.

Estes votos, dizem auxiliares do presidente, seriam fundamentais para que ele possa seguir adiante governando, aprovando, por exemplo, a reforma da Previdência, com os 308 votos mínimos necessários.

Futuro

O Planalto quer liquidar a votação rapidamente para não deixar Temer exposto ao surgimento de fatos – como possíveis novas delações – que possam mudar o placar, hoje considerado favorável ao presidente.

No govermo há quem ache que as próximas denúncias poderão até não acontecer de imediato. A avaliação é que o procurador´geral da República, Rodrigo Janot, poderá empurrar para o colo da sucessora Raquel Dodge as demais denúncias – já que deixa o cargo no mês que vem e ainda estaria reunindo provas contra Temer. Assim, deixaria o ônus para a nova procuradora.

Se Raquel Dodge achar que não está bem embasada a denúncia e arquivá-la, será batizada de engavetadora. Mas, se levar adiante e perder, como o governo acha que perde, começa seu mandato enfraquecida. Para o Planalto, não há hipótese de que derrubando a primeira, qualquer nova denúncia possa ser votada com sucesso no plenário da Câmara.

Ainda em relação ao futuro, há divisão sobre o que fazer com os infieis. Apesar de retaliação, com ameaça de retirada dos cargos de quem votar contra Temer – já que, quem fizer isso, estará dizendo ao presidente, em outras palavras, que não acredita na sua inocência -, há quem se posicione contra esta tática.

Os que são contra a retaliação no Planalto acham que Temer precisará do voto de muitos deles, por exemplo, do PSDB, que são a favor da reforma da Previdência e a retaliação poderia inviabilizar a aprovação deste texto.