Em campanha: “Vou ser um soldado da reeleição de Lula”.

A campanha à reeleição do presidente Lula pode ter ganho dois problemas de uma só vez. Tudo por conta da soltura de Bruno Maranhão, o líder do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), que comandou a depredação do Congresso Nacional há pouco mais de um mês. Primeiro, porque se descobriu que o governo pressionou a Justiça para tirá-lo da prisão ? e há a agravante de que Maranhão é membro da Executiva Nacional do PT. Segundo, porque o chefe do MLST, lépido e fagueiro, saiu dando entrevistas sem demonstrar qualquer arrependimento com a baderna e ainda prometeu se engajar na campanha. ?Serei um soldado da reeleição?, disse Maranhão. E isso, naturalmente, foi saudado pela oposição. ?Queremos que ele suba no palanque do Lula?, provocou o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Ao notar que poderia criar constrangimentos ao PT, Maranhão tentou consertar. ?Não vou fazer o jogo da direita e vou avaliar se minha presença nos comícios ajuda?.

O fato é que, indo ou não aos comícios, Maranhão contou com um empurrão do governo. Graças ao apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e ao empenho da Ouvidoria Agrária Nacional, dois órgãos federais, ele foi solto do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O presidente do MLST estava preso desde 6 de junho e poderia ficar encarcerado por mais 124 dias. Maranhão, porém, obteve liberdade provisória com a ajuda do ouvidor Gercino José da Silva, que encaminhou à Justiça cópia de um documento enviado pelo MLST ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo, marcando audiência no dia da invasão. A pressão do Executivo sobre o Judiciário convenceu o juiz substituto Ricardo Augusto Soares Leite, mas criou um problema. Agora, extremistas podem passar a acreditar que suas ações não serão punidas se os dirigentes do Estado estiverem a seu favor. ?Causa grande preocupação o fato de o governo federal haver interferido diretamente, por intermédio da Ouvidoria Agrária Nacional, órgão alheio à atuação processual penal da União?, disse o procurador federal, Vinícius Fermino, em coro com seus cinco colegas da Procuradoria da República do Distrito Federal. A crítica dos procuradores caiu no vazio. Bruno Maranhão, 66 anos, responderá em liberdade pelo enquadramento em seis artigos do Código Penal. E não parece nada preocupado. .