Olá, pessoal, tudo bem? Praticamente alheio ao Pibinho deste ano, o setor automotivo registrou um crescimento de 12,13% nas vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram comercializadas 1.308.169 unidades. Para o ano, a Fenabrave, entidade que representa as concessionárias de veículos, prevê uma expansão de 8,37%, totalizando 2.781.087 unidades. São ótimos números num contexto econômico ruim, mas as concessionárias não estão satisfeitas com esse jogo.

A explicação é muito simples. A maior parte deste crescimento decorre das vendas diretas das montadoras para frotistas e locadoras de veículos. No primeiro semestre, esse tipo de comércio avançou 23,59%, enquanto as vendas tradicionais em concessionárias tiveram expansão de apenas 2,1%.

A venda direta feita pela montadora não é uma novidade no setor, mas o volume está preocupando os revendedores de veículos. Nos primeiros seis meses deste ano, a fatia das vendas diretas no mercado total chegou a 45,6% do total, um recorde histórico. No mesmo período do ano passado, era de 40,4%. No mês de junho, atingiu 47%, o que leva os empresários do setor de distribuição a temerem que esse percentual supere a casa dos 50% nos próximos meses.

Atualmente, cerca de 60% do faturamento médio das concessionárias é fruto da venda de carros novos. Os outros 40% decorrem da comercialização de carros usados e de peças, além da prestação de serviços de manutenção dos veículos, como as revisões periódicas. Portanto, as montadoras prejudicam diretamente o caixa de suas parceiras ao promoverem vendas diretas.

Para os frotistas e as locadoras, a compra direta da indústria é um ótimo negócio, pois proporciona um desconto de 20% a 30% no preço do veículo. “Esse patamar de venda direta não é saudável”, afirma Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave. “O desconto chega a ser ilegal e imoral.” A Fenabrave avalia que a queda acentuada das exportações de carros do Brasil para a Argentina tem levado as montadoras a desovarem seus estoques no mercado interno através da venda direta.

A Anfavea, entidade que representa as montadoras, salienta que o setor passa pela maior revolução de sua história, com uma mudança no modelo de negócios que, inclusive, afeta o sistema de distribuição de veículos. “A venda direta veio para ficar”, diz Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. “Na Europa, é assim também.” Para bom entendedor, poucas palavras bastam. Se não quiserem desaparecer, as concessionárias precisam repensar o seu modelo de negócio.