A Covid-19 mata muito mais homens do que mulheres. Apesar de dois anos de pesquisas sobre o vírus, ainda não está claro por quê. Um novo estudo do GenderSci Lab, laboratório de pesquisa dedicado a gerar conceitos, métodos e teorias feministas para pesquisas científicas sobre sexo e gênero, da Universidade Harvard, sugere um motivo e ele tem menos a ver com diferenças biológicas entre os sexos e mais com uma série de fatores sociais e comportamentais.

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A análise, publicada na revista Social Science and Medicine, evidenciou que, embora as taxas de mortalidade mais altas estejam entre os homens, são mais relacionadas a momentos de surtos, políticas estaduais de saúde, comportamentos de saúde associados ao gênero, raça, nível de renda e ocupação.

“O resultado do estudo aponta que as diferenças entre os sexos nos resultados da Covid-19 não são estáveis em todos os locais ou consistentes ao longo do tempo, e sim são sensíveis ao contexto”, explica Sarah Richardson, fundadora e diretora do GenderSci Lab.

Durante o levantamento, os pesquisadores descobriram que em alguns estados os homens estavam sendo infectados e morriam mais do que as mulheres, enquanto em outros estados os números se invertiam ou se igualavam.

Os cientistas também relataram que as taxas de mortalidade nos Estados Unidos entre homens e mulheres foram separadas por uma diferença menor do que se pensava. No início da pandemia, acreditavam que o dobro dos homens estava morrendo de Covid-19. Desde então, alguns pesquisadores começaram a atribuir essas taxas mais altas a fatores relacionados ao sexo biológico, como hormônios específicos ou a resposta imune.