A fabricante indiana de motocicletas Royal Enfield acaba de ligar a ignição para a segunda fase de sua abordagem do mercado brasileiro. E ela vem de duas formas: com o lançamento de um modelo global e o início das operações de uma linha de montagem no Brasil. As novidades foram anunciadas em Bangkok, na Tailândia, em um evento para 120 jornalistas de todo o mundo. Apenas três veículos de imprensa do Brasil estiveram presentes, entre eles a DINHEIRO.

A estratégia foi desenhada pelo grupo Eicher (controlador da Royal Enfield e que fabrica também caminhões e motores diesel em joint-venture com a sueca AB Volvo) para ampliar o market share da marca de origem inglesa no Brasil. Com 120 anos de história completados em 2021, a Royal Enfield hoje exporta para mais de 70 países e o mercado brasileiro já desponta como o maior da marca fora da Índia. Para uma empresa que logo ao nascer adotou o slogan “fabricada como uma arma”, faz todo sentido mirar seu alvo preferencial com não apenas uma, mas duas balas.

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“Queremos democratizar o acesso aos modelos de média cilindrada por meio de motocicletas robustas e de baixo custo de manutenção” Siddhartha Lal CEO mundial da Royal Enfield.

A primeira é o modelo Hunter 350, uma motocicleta de uso geral de média cilindrada. Segundo o CEO mundial da Royal Enfield, Siddhartha Lal, a ideia que originou a nova moto é “democratizar o acesso aos modelos de média cilindrada por meio de motocicletas robustas, acessíveis e de baixo custo de manutenção”. O Brasil ainda tem poucas opções nessa faixa de motorização, o que torna a competição mais atraente do que a dos modelos de entrada, de baixa cilindrada. Principal executivo da empresa no Brasil, Cláudio Giusti disse que o segmento no qual a Hunter 350 pretende buscar a liderança representa apenas 12% do mercado total. “A missão da Royal Enfield é agregar volume nessa faixa, oferecendo produtos diferenciados para um público que quer algo além daquilo que tem sido oferecido nos últimos anos”, disse Giusti.

Mas não é só com a 350 que a marca quer acelerar no Brasil. De acordo com o CEO Lal, a Hunter integra o mais amplo e ambicioso projeto da empresa indiana. A partir do mesmo motor de 350 cc, a marca pretende oferecer uma série de versões com características de estilo e aplicação distintas. No Brasil, o primeiro modelo dessa linhagem, denominada internamente de Projeto J, chegou às 20 concessionárias da marca em todo o País com a Meteor, um modelo cruiser/custom de estilo inspirado no espírito norte-americano de pilotar. Ainda em setembro, desembarca por aqui a Classic 350, que é líder de vendas da Royal Enfield na Índia. A Hunter mostrada em Bangkok só deverá ser lançada no início do ano que vem, segundo Giusti. “A plataforma J é a porta de entrada para os clientes que querem fazer um upgrade para a Royal Enfield”, afirmou. “Ela traz motor e chassi modernos, desenvolvidos do zero pelo nosso centro de tecnologia em Leicester, na Inglaterra, e que oferece a um custo acessível, devido à elevada escala de produção, uma pilotagem agradável e única.”

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“Oferecemos produtos diferenciados para um público que quer algo além daquilo que tem sido oferecido nos últimos anos” Cláudio Giusti executivo da Royal Enfield no Brasil.

A Hunter deve se tornar em curto espaço de tempo o carro-chefe (neste caso, a ‘moto-chefe’) da Royal Enfield internacionalmente. Isso porque ela é uma motocicleta de uso genérico, que se sai bem na cidade e na estrada, sem nenhuma preocupação de atender a um nicho específico de estilo. Isso a difere das demais motos da marca. A Classic 350, como o nome sugere, é uma clássica, com claro apelo retrô, lembrando modelos das décadas de 1960/70, mesma inspiração das topo de linha Interceptor e Continental GT, ambas de 650 cc. Já a Himalayan 411 é uma moto trail, com aptidão e características técnicas para atender a um uso misto, on-off road. A base da Himalayan dá origem à Scram 411, mais voltada ao uso em vias pavimentadas. Lançada este ano na Europa, ela ainda não chegou ao Brasil, mas está nos planos da empresa para o próximo ano.

ZONA FRANCA Além de novos modelos de plataforma J, a empresa indiana confirmou oficialmente a instalação, em Manaus, de uma linha de montagem CKD (sigla para Complete Knocked Down, o que em tradução livre significa que as motos chegam em partes, desmontadas). A exemplo do que já fazem outros fabricantes, a planta local irá aproveitar os benefícios do Polo Industrial da Amazônia e suas isenções tributárias. “Esperamos a disponibilidade de motocicletas montadas em Manaus ainda em 2022”, afirmou Giusti. “Os kits para a montagem já estão no Brasil e as primeiras unidades foram produzidas com sucesso”. Depois de a também indiana Bajaj ter anunciado o início de sua operação fabril em Manaus, em julho, a resposta da Royal Enfield veio rápida como uma bala.