Empatados na liderança da disputa pelo governo de São Paulo, os candidatos João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) abandonaram de vez seus presidenciáveis na reta final de campanha e pegaram carona na “onda” Jair Bolsonaro (PSL) que se espalhou pelo Estado para tentar se garantir no segundo turno. A estratégia foi deflagrada depois que o governador Márcio França (PSB) subiu nas pesquisas e passou a ameaçar uma das vagas no duelo final da eleição estadual.

Na sexta-feira, 5, Doria faltou a um ato de campanha do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, no centro de São Paulo, organizado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). A ideia era reunir os dois na escadaria do Theatro Municipal, onde o partido historicamente lança suas campanhas, para demonstrar empenho e crença em uma arrancada do ex-governador na disputa presidencial.

A assessoria de Doria alegou que, por causa do mau tempo, o ex-prefeito não conseguiria voar de Sorocaba, no interior paulista, até a capital a tempo de participar do evento, ao meio-dia.

No início da semana, Doria foi filmado durante uma agenda em Franca, no interior, por um militante da campanha de Bolsonaro que pedia voto ao capitão reformado para presidente ao lado do tucano.

Na última terça, o ex-prefeito também foi questionado por não ter mencionado o nome de Alckmin uma única vez no debate da TV Globo, ao mesmo tempo que endureceu o discurso de combate à criminalidade dizendo que, no seu governo, a polícia vai atirar para matar.

Ele respondeu dizendo que se tratava de uma “eleição estadual”.

No dia seguinte, pesquisa Ibope/Estado/TV Globo mostrou que o tucano havia subido dois pontos em uma semana, chegando a 24%, enquanto Skaf havia caído três, para 21%. Já França manteve a tendência de alta, atingindo 14%.

O resultado foi a senha para o candidato do MDB ignorar o presidenciável do seu partido, o ex-ministro Henrique Meirelles, e declarar seu apoio a Bolsonaro num eventual segundo turno contra Fernando Haddad (PT) e até uma torcida pela vitória do capitão reformado no primeiro turno.

“Não tenho dúvida nenhuma de que num segundo turno entre o PT e o Bolsonaro eu apoiarei o Bolsonaro. Agora, eu sinto que há, sim, uma possibilidade de vir no primeiro turno (a vitória do candidato do PSL) e talvez seja bom para o Brasil. Não teria risco de segundo turno”, disse Skaf.

A declaração foi amplamente reproduzida nas redes sociais do emedebista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.