O Ponto Frio já foi a maior rede de varejo do Brasil. Mas nos últimos 18 meses, o pingüim, símbolo da companhia, ficou mesmo na geladeira. Investimentos minguados, crescimento pequeno e o desejo de sua principal controladora, a bilionária Lilly Safra, de passar o negócio adiante fizeram com que a empresa perdesse a liderança. Aos poucos, a concorrência invadiu sua praia ? movida por venda a prazos ? e o Ponto Frio foi parar na segunda colocação. Agora, a rede de 350 lojas volta a se aquecer e 2003
promete ser o ano da virada.

Para dar suporte à sua retomada, o Ponto Frio acaba de inaugurar dois centros de distribuição gigantes. Um em Guarulhos, São Paulo, com 141 mil m2 e investimento de R$ 25 milhões. Outro, em Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul. Neste ano, abriu também 80 lojas e reformou outras 40. ?Precisávamos do suporte logístico para voltar a crescer?, garante Marise Araújo, diretora executiva de marketing e vendas do Ponto Frio. ?Abertura de lojas não tem mistério algum?, diz. Apesar disso, a rede vinha crescendo de forma modesta. ?O ano de 2001 foi crítico?, avalia o consultor Eugênio Foganholo, da Mixxer. Explicando: entre 2000 e 2001, a rede aumentou em 4% seu faturamento enquanto sua principal concorrente, a Casas Bahia, elevou a receita em 12,5%. Era preciso dar novo fôlego à rede do pingüim. A primeira medida foi detectar os centros em que o Ponto Frio ainda não tem presença satisfatória. Um exemplo? O Estado de São Paulo. ?Não temos a melhor das situações neste mercado?, admite Marise. O problema começou a ser tratado este ano, com a abertura de 12 lojas na região.

 

O modelo de lojas também será ambicioso. De um lado, a rede irá investir em megaunidades, onde o conceito é reunir todas as marcas sob um único teto. ?A loja de São Paulo, por exemplo, é a maior da América Latina?, conta Marise. Em cidades menores, a empresa vai manter a estratégia de abrir pontos de médio porte. Para promover esta recuperação, a rede contou com uma ajudinha extra: R$ 45 milhões. Com todas as manobras, a empresa espera fechar 2002 com saldo positivo. ?Até setembro, crescemos 5% em vendas?, conta a diretora.

Quais os planos para 2003? Abrir lojas, lojas e mais lojas. E tirar o atraso deste período de boatos. Venda, aliás, é coisa do passado, garante Marise. Os 35,3% de Lilly Safra e os 20,7% de seu filho Carlos Monteverde foram colocados a mercado por um ano. Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, chegou a sondar o grupo. Dois bancos de investimento entraram no páreo e o mercado dava como certa a venda para a rede mexicana Elektra. Não houve negócio. A venda foi descartada e, agora, é hora de crescer. Crescer ou morrer.