O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, comentou nesta quarta-feira (20) que as acusações de que ele teria utilizado um agente do Estado para a realização de tarefas pessoais são uma “loucura”, mas se negou a explicar porque solicitou a demissão do inspetor-geral do seu ministério.

O presidente Donald Trump demitiu o inspetor-geral do Departamento de Estado, Steve Linick, na última sexta-feira, a pedido de Pompeo.

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O presidente limitou-se a dizer que os inspetores dependiam dos presidentes e que este, escolhido por seu antecessor democrata Barack Obama, deveria ter sido demitido há tempos.

Mas, nos últimos dias, os congressistas democratas revelaram que Linick estava investigando várias questões potencialmente desconfortáveis para Pompeo.

O inspetor investigava acusações de que Pompeo estaria delegando tarefas domésticas a um agente do Departamento de Estado, pago com dinheiro público.

As atividades incluiriam levar o cachorro para passear, buscar roupas na lavanderia ou fazer reservas em um restaurante para refeições pessoais.

Segundo os democratas, Linick também estava prestes a encerrar uma investigação sobre uma estranha venda de armas à Arábia Saudita, realizada apesar da oposição do Congresso.

“Vi os diferentes comentários sobre alguém passear com meu cachorro para vender armas na lavanderia”, brincou Pompeo durante entrevista coletiva. “Enfim, tudo isso é loucura”, acrescentou.

O chefe da diplomacia ressaltou não ter conhecimento sobre essas investigações, e afirmou que a demissão de Linick não poderia, portanto, ser considerada um ato de represália.

Pompeo, no entanto, se recusou a explicar por que pediu a demissão do inspetor-geral, cuja função é de controle e vigilância independente sobre o exercício do Executivo no Departamento de Estado.

“Não posso falar sobre isso. Não posso entrar em detalhes. Vou explicar os motivos para as pessoas apropriadas”, explicou.

Pompeo aproveitou a coletiva de imprensa para acusar o senador democrata Bob Menendez, número dois do Comitê das Relações Exteriores do Senado, de estar por trás das acusações contra ele.

“Não recebo lições de ética de um homem que foi processado criminalmente. Um homem o qual os colegas senadores basicamente disseram ter recebido suborno”, disse o chefe da diplomacia.

Menendez foi acusado de ajudar um oftalmologista que o pagou viagens para zonas turísticas.

Em seu julgamento de 2017, ele não foi condenado, mas recebeu uma advertência do Comitê de Ética do Senado.