O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, classificou nesta segunda-feira (14) como “bárbara” a execução no Irã do opositor Ruhollah Zam, que dirigia uma mídia social popular.

“Os Estados Unidos condenam com veemência a execução injusta e bárbara de Ruhollah Zam no Irã, um jornalista iraniano sequestrado no exterior pelo regime”, disse Pompeo no Twitter.

A declaração do secretário de Estado se juntou às reações semelhantes de União Europeia e França, cujo embaixador, junto com o representante da Alemanha em Teerã, foi convocado pelo governo iraniano.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, declarou nesta segunda-feira estar “chocada” com a execução de Ruhollah Zam neste fim de semana e denunciou o recurso “crescente e preocupante” da pena de morte no Irã.

“Estou chocada”, afirmou Bachelet, em uma declaração enviada à imprensa, na qual destaca que a pena de morte é “simplesmente inconciliável com a dignidade humana e geralmente muito arbitrária”.

“Sua condenação à morte e sua execução por enforcamento são emblemáticos de um esquema de confissões forçadas obtidas pela tortura e divulgadas na mídia estatal, que serve de base para condenar as pessoas”, reagiu.

Além disso, acrescentou, há “sérias preocupações de que a prisão de Zam fora do território iraniano possa equivaler a um sequestro e de que sua transferência posterior para ser julgado não respeitou as garantias de um procedimento legal”.

Ruhollah Zam, qualificado como “jornalista e dissidente” pela ONG de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, foi enforcado no sábado.

Ele foi declarado culpado por desempenhar um papel ativo (através da rede Amadnews que dirigia na plataforma de mensagens instantâneas Telegram) nos protestos do inverno 2017-2018 no Irã.

Zam viveu exilado por vários anos na França, onde tinha o status de refugiado, antes de ser preso pela Guarda Revolucionária, em circunstâncias pouco claras.

Sua prisão foi anunciada em outubro de 2019, mas o Irã não especificou lugar, nem data. A ONG Repórteres Sem Fronteiras acusou o governo de Teerã de tê-lo sequestrado quando estava no Iraque.

Em sua declaração, Michelle Bachelet pediu às autoridades iranianas que “parem imediatamente com seu recurso preocupante e crescente da pena de morte e com as ondas de acusações de segurança nacional para reprimir as vozes independentes e a dissidência no Irã”.

Com ao menos 251 execuções em 2019, o Irã é o país que mais aplica a pena de morte depois da China, segundo o último relatório mundial da Anistia Internacional sobre a pena capital.