Um aumento de 50% no nível de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera poderia reduzir as chuvas na Amazônia tanto ou mais do que a substituição de toda a floresta por pastagem.

O aumento do CO2 reduziria a quantidade de vapor de água emitido pela floresta, levando a uma queda anual de 12% no volume de chuvas, enquanto o desflorestamento total reduziria as chuvas em 9%.

+ Cientistas desenvolvem instrumento de combate à poluição de plástico em Galápagos

Estas estimativas foram apresentadas num estudo publicado pelo jornal científico Biogeociências por cientistas filiados ao INPE, à Universidade de São Paulo (USP) e à UNICAMP, no Brasil, e à Universidade Técnica de Munique, na Alemanha.

Os pesquisadores começaram a pesquisar como os efeitos fisiológicos do aumento do CO2 atmosférico nas plantas influenciam o regime de chuvas. As plantas transpiram menos com o aumento do suprimento de CO2, emitindo menos humidade para a atmosfera e, portanto, gerando menos chuva.

Projeções apresentadas no último relatório do Painel Intergovernamental de Alterações Climáticas, levando em consideração as mudanças no balanço de radiação atmosférica mais os efeitos fisiológicos nas plantas, já previam uma possível redução de até 20% nas chuvas anuais na Amazônia, tendo demonstrado que grande parte da mudança no regime de precipitação da região será controlada pela forma como a floresta responde fisiologicamente ao aumento de CO2.

Para o estudo publicado recentemente, os pesquisadores fizeram simulações no supercomputador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do INPE, em São Paulo. Foram projetados cenários nos quais o nível atmosférico de CO2 aumentou 50% e a floresta foi totalmente substituída por pastagem para descobrir como essas mudanças afetaram a fisiologia da floresta num período de 100 anos.

“Para nossa surpresa, apenas o efeito fisiológico nas folhas da floresta geraria uma queda anual de 12% na quantidade de chuva (252 milímetros a menos por ano), enquanto o desflorestamento total levaria a uma queda de 9% (183 mm). Esses números são muito maiores do que a variação natural da precipitação entre um ano e o outro, que é de 5%”, indicou Lapola.