Os poloneses votam, neste domingo (28), no primeiro turno de uma eleição presidencial apertada, que foi adiada pela pandemia do novo coronavírus e pode ser decisiva para o governo nacionalista conservador.

As seções eleitorais ficarão abertas das 7h às 21h locais. O segundo turno está previsto para 12 de julho.

O presidente em final de mandato, Andrzej Duda, 48 anos, está em busca de um segundo mandato.

Há outros dez candidatos na disputa, mas, de acordo com as últimas pesquisas, seu verdadeiro oponente é o prefeito liberal da Varsóvia, Rafal Trzaskowski, do principal partido de oposição, a Plataforma Cívica (PO).

A vitória de Trzaskowski, também de 48 anos, seria um revés para o governo do Partido Lei e Justiça (PiS), que promoveu com Duda uma série de polêmicas reformas – especialmente no âmbito da Justiça.

Segundo o PiS, essas mudanças eram necessárias para eliminar a corrupção entre os juízes. Já seus sócios da União Europeia (UE) criticam as reformas do governo, avaliando que desgastam a democracia, passadas apenas três décadas da queda do comunismo.

Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, que vê o governo polonês como um importante aliado europeu, apoiou Duda esta semana. O chefe de Estado polonês foi o primeiro líder estrangeiro a ser recebido na Casa Branca desde o início da pandemia, apenas quatro dias antes da eleição.

O processo eleitoral foi bastante afetado pela crise do coronavírus, que forçou as autoridades a adiar a votação de maio para junho.

Um novo sistema de votação híbrido – por correio e convencional – foi planejado para este domingo para reduzir o risco de infecções.

Conforme dados oficiais, o país registra mais de 33.000 casos de contágio e mais de 1.400 mortes. O Ministério da Saúde já reconheceu, porém, que pode haver até 1,6 milhão de casos não detectados na Polônia, um país de 38 milhões de habitantes.

– Retórica anti-homossexuais –

Duda prometeu aos poloneses que defenderia uma série de benefícios sociais promovidos pelo partido da situação, como uma espécie de “renda-família” e aumento da aposentadoria.

Os poloneses temem uma recessão, a primeira desde o fim do comunismo, devido à crise deflagrada pelo novo coronavírus.

Segundo analistas, Duda apoiou fortemente os ataques do Lei e Justiça aos direitos das pessoas LGBT, com o objetivo de atrair simpatizantes de seu rival de extrema direita.

Rafal Trzaskowski, que fez campanha sob o lema “Já tivemos o suficiente”, prometeu reparar os laços com a UE. Desde que chegou ao poder em 2015, Duda e o PiS abalaram a política polonesa, alimentando tensões com Bruxelas.