A Polícia Civil do Amazonas colheu depoimentos de duas pessoas que poderiam ter visto por último o indigenista Bruno Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari, no extremo oeste do Estado. O paradeiro da dupla, sem comunicação desde domingo, 5, ainda é desconhecido. Ao Estadão, indigenistas que também estão mobilizados na busca pelos desaparecidos contaram que já haviam conversado com os dois ouvidos pela polícia ainda no domingo e não conseguiram detalhes sobre o paradeiro.

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A polícia pretende ouvir novas testemunhas ao longo desta terça-feira, 7. A União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), para a qual Bruno Pereira estava prestando uma consultoria técnica, apresentou às autoridades o nome de três suspeitos. Integrantes da organização vinham recebendo uma série de ameaças. Uma delas se deu por intermédio de um bilhete endereçado ao advogado Eliesio Marubo, um dos líderes da Univaja, em abril.

No texto anônimo, pessoas que se identificaram como pescadores citaram o indigenista. “Sei quem são vocês e vamos achar pra acertar as contas”, diz um trecho do bilhete, com a grafia corrigida. “Sei que quem é contra nós é o Beto Índio e o Bruno da Funai é quem manda os índios irem prender nossos motores e tomar os nossos peixes. (…) Se querem dar prejuízo, melhor se aprontarem. Está avisado.”

Apesar da repercussão internacional do caso, a retaguarda oferecida pelo governo de Jair Bolsonaro para localizar os desaparecidos têm sido criticada. Nesta terça, segundo as informações oficiais, as buscas continuam com equipes da Marinha, do Exército e da Polícia Federal.

No fim da manhã, em entrevista ao SBT News, o presidente afirmou que a dupla pode ter sido executada e criticou a ‘aventura’.