O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu confirmou nesta terça-feira que a polícia recomendou que seja acusado por corrupção e alegou inocência durante uma declaração televisada.

“Essas recomendações não têm qualquer valor jurídico em um país democrático” declarou Netanyahu.

Tentou ainda minimizar o impacto do anúncio da polícia.

“Nos últimos anos alvo de ao menos 15 verificações e investigações. Algumas terminaram com recomendações escandalosas da polícia, como a desta noite. Todas essas tentativas não resultaram em nada e, desta vez, as coisas não resultarão em nada”, assegurou.

A polícia israelense recomendou que Netanyahu seja acusado por corrupção em dois casos, depois de dois anos de investigação, anunciaram os meios de comunicação locais.

“A polícia concluiu que existem provas suficientes contra o primeiro-ministro para acusá-lo de ter aceitado propinas, de fraude e abuso de confiança”, indicou em um comunicado oficial.

A decisão de processar o premier depende agora da Procuradoria Geral, o que poderá levar meses.

A ministra da Justiça, Ayelet Shaked, no entanto, assegurou que um primeiro-ministro acusado oficialmente não é obrigado a renunciar ao cargo.

“Nosso governo terminará seu mandato e estou certa de que nas próximas eleições (novembre de 2019) obterei novamente o voto de confiança com a ajuda de Deus”, assegurou Netanyahu.

Durante a investigação, Netanyahu sempre proclamou sua inocência, repetindo com convicção que “nada acontecerá porque não aconteceu nada”.

No primeiro caso, Netanyahu é acusado de ter recebido presentes – cigarros de luxo, por exemplo – por parte de personalidade ricas como James Packer, um magnata australiano, ou Arnon Milchan, produtor de cinema israelense que trabalha em Hollywood.

O valor total desses presentes foi avaliado em milhares de dólares.

A polícia também acha que houve corrupção no acordo secreto que Netanyahu tentou concretizar com o proprietário do Yediot Aharonot, o jornal mais importante de Israel, para uma cobertura favorável a seus interesses.

Netanyahu já foi suspeito de corrupção no passado, sem nunca ter sido importunado.

Na chefia do governo desde 2009, depois de um primeiro mandato entre 1996 e 1999, Netanyahu já passou dos onze anos no poder.

Sem adversário aparente, poderá bater o recorde de longevidade do histórico David Ben Gurión, fundador do Estado de Israel, se a atual legislatura chegar a fim, em novembro de 2019.