Em entrevista à DINHEIRO, Dan Faccio, CFO da Zoop, plataforma tecnológica para atender a cadeia de pagamentos de empresas, conta como está mantendo o serviço de antecipação de recebíveis aos seus clientes.

Como a Zoop está trabalhando para atender ao aumento de demanda por crédito?
Estamos reinventando os negócios e processando transações de parceiros por meio de um link de pagamento, que viabiliza vendas sem a necessidade da maquininha de cartão. Além disso, montamos uma iniciativa com iFood, Itaú Unibanco e Rede para injetar fundos da ordem de R$ 1 bilhão em antecipações, como forma de garantir o capital de giro de restaurantes locais cadastrados no iFood e de outros milhares de estabelecimentos comerciais servidos pelas centenas de parceiros da Zoop.

De acordo com um relatório recente da Moody’s, as fintechs podem não ter capacidade de gestão para enfrentar a crise econômica provocada pela Covid-19. Qual sua opinião?
Não podemos generalizar, mas qualquer startup com gestão ineficiente está sujeita a riscos. Em meio a interrupções no mercado de adquirência e subadquirência de ofertas de antecipação de recebíveis e da elevação dos preços, estamos conseguindo, até o momento, manter a oferta de antecipação a todos os negócios conectados à nossa plataforma e isso sem fazermos elevação de preços. Usamos uma reserva financeira estratégica.

Como a Zoop enxerga o futuro próximo?
Entendemos que não precisamos enfrentar grandes empresas ou instituições, mas sim, nos manter como parceiros delas. Trabalhamos sempre com a questão do que pode ser diferente, para podermos ser assertivos neste momento de crise. Com isso, alcançamos R$ 1 bilhão em volume de transações processadas em março. Conseguimos ainda manter os 300 funcionários, sendo que 200 destes são
profissionais de tecnologia.

Número da semana
R$ 200 bilhões

Segundo levantamento divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mais de 2 milhões de pedidos de renegociação de dívidas foram protocolados nas cinco principais instituições financeiras do País, somando operações de R$ 200 bilhões. Os pedidos incluem diversas linhas básicas de crédito: pessoal, imobiliário, com garantia de imóveis, para aquisição de veículos e para capital de giro. A carência requisitada no vencimento das parcelas é de dois a três meses. A Febraban havia anunciado em 16 de março a intenção de atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas contraídas por clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas, em razão dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. O benefício se estenderia para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores já utilizados. A federação anunciou também que os bancos iniciaram na segunda-feira 6 a disponibilização de linhas de crédito para financiamento de folha de pagamento de pequenas e médias empresas, antecipando-se aos repasses de recursos por parte do governo federal. A linha de crédito anunciada pelo governo beneficiará empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões, com o limite de dois salários mínimos por trabalhador.