Um policial militar, um agente penitenciário e outras duas pessoas são acusados de assassinar um andarilho em Taubaté, no interior de São Paulo, na semana passada. O PM teria confessado o crime, segundo informou a Polícia Civil na noite de segunda-feira, 4.

Aos investigadores, o PM, que atua na capital paulista, teria alegado que o andarilho usava drogas na rua, incomodava as pessoas e vinha ameaçando sua esposa, que trabalha no comércio na região da rodoviária de Taubaté. O crime aconteceu na última quarta-feira, 30.

Ele e o agente penitenciário são irmãos e, segundo a Polícia Civil, vão responder ao processo em liberdade por colaborar com as investigações. Os outros dois citados seguem foragidos.

O andarilho foi localizado em um córrego no bairro Pinheirinho. Os investigadores chegaram aos suspeitos após analisar imagens de câmeras de segurança das ruas e colher depoimento de testemunhas, que viram quando ele foi colocado à força dentro de um carro.

Inicialmente, o PM e o irmão negaram o crime. Marcas de sangue encontradas no veículo, no entanto, fizeram com que confessassem o homicídio.

Em depoimento, o PM alegou que queria apenas dar um susto no andarilho e não tinha a intenção de matá-lo. O corpo apresentava ferimento de pancada na cabeça, porém, sem perfuração. Exames foram realizados e apontarão as causas da morte.

Andarilho respeitava as pessoas, dizem moradores

A vítima aparentava ter em torno de 30 anos e não portava documentos. “Esse rapaz, apesar de ser usuário (de drogas), sempre respeitou as pessoas. Eu sempre o ajudei quando podia, ele até vigiava os comércios próximos onde dormia”, declarou pelas redes sociais o pastor de uma igreja da região.

Além dele, mais de 90 pessoas se manifestaram ao saber da morte. Quase todas, com mensagens em favor da vítima. “Eu o conhecia. nunca fez mal para ninguém, era super-respeitador”, afirmou uma mulher. “Que eu saiba ele tinha o vício dele, mas sempre o via fazendo serviços como limpar mato nas calçadas e tirar entulhos”, disse outro morador.

SAP repudia ‘desvio de conduta’

A reportagem entrou em contato com o comando da Polícia Militar, mas não obteve retorno. Já a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que “repudia qualquer tipo de desvio de conduta realizado por seus funcionários, ainda que não praticado durante o exercício da função”. Também afirma que “colabora com as investigações”.