A Rambla de Montevidéu, uma das principais avenidas da capital uruguaia às margens do rio da Prata, nunca esteve tão tomada por torcedores que trajavam a camisa da seleção como neste último mês. 

 

O motivo foi a ressurreição do time do Uruguai, que há 40 anos não chegava às semifinais de uma Copa do Mundo. Mas não é apenas no campo esportivo que os uruguaios têm mostrado resultado.

 

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Eles também estão renascendo na aviação. Motivo: a companhia aérea Pluna, a maior do país, deve fechar no azul pela primeira vez desde 2007. Fundada em 1936 pelos empresários e irmãos Alberto e Jorge Marquez Vaeza, a empresa esteve nas mãos do governo uruguaio durante cinco décadas e chegou a ter a Varig como sócia, com 49%, nos anos 90. 

 

Contudo, quase quebrou. Há três anos, afundada em dívidas, ganhou um novo controlador, o fundo de private equity argentino LeadGate. Desde então foi posto em prática um ambicioso plano de reestruturação para reverter os prejuízos anuais – foram US$ 41 milhões só em 2009. 

 

Com a reestruturação, que até agora custou cerca de US$ 200 milhões, é esperado faturamento de US$ 126 milhões, em 2010, com lucro de US$ 1 milhão. É pouco, mas trará um alívio aos controladores. 

 

Nesse cenário, o Brasil terá papel fundamental. “Vamos aumentar a frequência dos voos e ampliar as rotas em cidades brasileiras que ainda não atendemos. Queremos aproveitar os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo”, diz Arturo Demalde, vice-presidente da Pluna e um dos sócios do LeadGate.

 

Até o fim do ano, a companhia planeja operar em dois novos destinos. As cidades que estão sendo estudadas são Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Londrina (PR). Com isso, a empresa pretende alcançar um faturamento de US$ 50 milhões no Brasil, 50% a mais do que em 2009. 

 

 

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Demalde, vice-presidente: ”Queremos aproveitar a Copa de 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro”

 

O próximo passo é abrir o capital da empresa dentro de três anos. As bolsas de São Paulo, de Nova York e a do Uruguai são cogitadas. Na avaliação de André Castelini, sócio da consultoria Bain & Company, o negócio pode interessar à própria Jazz, empresa canadense que fez um aporte de US$ 15 milhões, em maio deste ano, e hoje possui 25% das ações. 

 

Para quem esteve perto de fechar as portas em uma espécie de pouso forçado, a arremetida da Pluna rumo ao crescimento é emblemática. Um dos pontos cruciais nesse trajeto foi a renovação da frota, o que consumiu US$ 175 milhões e reduziu os custos em 30%. Os quatro aviões eram velhos e de tamanhos distintos. 

 

“A Pluna não tinha frota, mas uma coleção de aviões”, brinca Demalde. Dessa forma, sete aeronaves Bombardier CRJ 900, de 90 lugares, foram adquiridas. O passo seguinte foi varrer do mapa a rota para Madri. 

 

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Os novos acionistas definiram que a alma do negócio seria apostar em voos regionais para cidades da América do Sul, onde as grandes empresas não chegam – estratégia similar à da brasileira Trip Linhas Aéreas. 

 

Para conseguir atender as novas rotas e ao aumento da demanda, a empresa investirá outros US$ 250 milhões na compra de mais nove aviões até 2012. Isso é fundamental para o plano de expansão. 

 

Afinal, além da ampliação da malha, a Pluna transformou o aeroporto de Montevidéu em seu hub (centro de distribuição). Na época da aquisição, a companhia ligava apenas cinco cidades no total. Além de Madri, atendia passageiros em São Paulo, Santiago do Chile, Buenos Aires e Rio de Janeiro.

 

Para Punta del Este, no litoral uruguaio, promovia voos apenas no verão. Hoje, somente no Brasil, a Pluna atende seis cidades: as três capitais da região Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu. 

 

Na outra ponta, fora do País, foram incluídas Córdoba, na Argentina, e Assunção, no Paraguai. Resultado: o número de passageiros saltou de 300 mil, em 2007, para os atuais 700 mil. E, se os negócios da Pluna não desviarem da rota traçada, será 1,2 milhão em 2012.