Lentamente, o Brasil começa a criar uma infraestrutura que permita aos usuários de carros elétricos puros rodar sem a angústia de que a bateria possa acabar no meio do caminho. Uma chamada pública feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o tema da Mobilidade Elétrica Eficiente resultou no maior projeto de instalação de carregadores ultrarrápidos da América Latina, liderado pela EDP, empresa de origem portuguesa que atua no Brasil em toda a cadeia do setor elétrico. O programa envolve três montadoras alemãs — Audi, Porsche e Volkswagen —, e três fornecedoras de soluções de carregamento — Siemens, ABB e Electric Mobility Brasil. O Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro participou do desenvolvimento e da pesquisa da rede, que terá presença em seis rodovias paulistas, além da Régis Bittencourt, que liga São Paulo à região Sul do País. Isso permitirá a conexão da nova rede com a eletrovia já em operação entre Foz do Iguaçu e Paranaguá, implementada pela Companhia Paranaense de Energia (Copel) e pela Itaipu Binacional.

“A EDP se posiciona mais uma vez de forma pioneira para liderar a transição para uma economia de baixo carbono”, afirmou Miguel Setas, presidente da EDP no Brasil, durante o anúncio do programa, na terça-feira 22. Para André Clark, presidente e CEO da Siemens no Brasil, a iniciativa viabiliza uma alternativa sustentável para a matriz energética e de transporte no País. “O Brasil é uma potência em energias limpas e renováveis. Nossa transição energética é singular”, disse Clark.

“Esse projeto terá um papel fundamental principalmente na confiança dos consumidores”, declarou o CEO da Audi do Brasil, Johannes Roscheck. Segundo ele, a marca irá lançar 30 modelos eletrificados até 2025. O primeiro SUV 100% elétrico da Audi chegará ao Brasil até maio de 2020. O Golf GTE, híbrido plug-in da Volkswagen, chega antes, em novembro. “O principal desafio hoje é o ecossistema completo para a eletrificação”, disse Pablo Di Si, presidente da VW na América Latina. “É preciso envolver governo, indústria, sociedade e entidades do setor para que tenhamos políticas estratégicas e regulamentadas para fomentar investimentos em eletrificação no Brasil”. Hoje, a frota de híbridos e elétricos no País é de 8,5 mil veículos. A previsão é chegar a 2 milhões até 2030.