Em votação realizada hoje (15), o parlamento britânico rejeitou a proposta costurada pela primeira-ministra Theresa May (Partido Conservador), junto com a União Européia para a saída do Reino Unido do bloco europeu. O resultado final foi de 432 a 202 contra o acordo.

A derrota era esperada, uma vez que May viu nos últimos dias membros de seu partido irem contra sua proposta. 118 representantes do Partido Consevador votaram contra o acordo do Brexit.

A primeira-ministra britânica disse que o governo merece a confiança da Câmara dos Comuns (Parlamento), mesmo com o resultado da votação. “Sempre acreditei que a melhor solução é uma saída ordenada”, disse Theresa May. Porém, pela legislação britânica, ela tem condições legais de ser mantida no cargo.

Líder da oposição, Jeremy Corbyn (Partido Trabalhista), aproveitou o resultado para mover uma voto de não-confiança contra a primeira-ministra, que será discutido a partir de amanhã. Com o movimento, é colocado em cheque a capacidade de May de ocupar o posto, abrindo caminho para uma possível troca de primeiro ministro. Logo após a fala de Corbyn, o líder do Partido Nacional da Escócia Ian Blackford, declarou apoio ao voto.

No Twitter, o presidente do Conselho Europe Donald Tusk, questionou a falta de consenso dos parlamentares e lamentou o resultado da votação. Leia a nota publicada por ele:

“Nós lamentamos o resultado da votação, e desejamos que o governo do Reino Unido deixe clara suas intenções o mais rápido possível, com respeito aos passos a serem seguidos.

O Eu27 continuará unido e responsável, como estivemos durante todo o processo, e procuraremos reduzir todo o dano causado pelo Brexit.

Continuaremos nossas preparações para qualquer resultado possível, incluindo o de não acordo. O risco de uma saída desordenada aumentou com esta votação, e ao mesmo tempo que não queremos que isto aconteça, estaremos preparados para isto.

Continuaremos o processo da União Europeia de ratificar o acordo com o govenor do Reino Unido. O acordo é e continua a melhor maneira de garantir um saída ordenada do Reino Unido da União Europeia.”

Em caso de saída sem acordo

A data prevista, inicialmente, para implementar o Brexit, era a partir de 29 de março 2019 a 31 de dezembro 2020, definindo um período de transição para o Reino Unido.

Nessa fase, o Reino Unido estaria obrigado a cumprir todas as regras da União Europeia, mas perderia a sua participação nas instituições e a sede de várias agências terá de ser deslocada para outros países.

A decisão determina a relocalização da Agência Europeia do Medicamento de Londres para a Amsterdã, na Holanda, reunindo cerca de 900 funcionários, da Autoridade Bancária Europeia para Paris e a saída dos 73 eurodeputados britânicos do Parlamento Europeu.

Nos termos do acordo técnico, o período de transição pode ser prolongado, mas apenas por uma vez e por um ou dois anos, no máximo, até ao final de 2022. O prolongamento tem de ficar decidido pelas partes até 1º de julho de 2020.