Na região do Tigré, no norte da Etiópia, a situação humanitária se agrava e as pessoas começam a morrer de fome, pois não há evidências de uma retirada das forças eritreias daquela zona de conflito, informou o diretor de assuntos humanitários da ONU.

Mark Lowcock, secretário-geral adjunto da ONU para assuntos humanitários, participou de uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança, a primeira sobre o assunto em mais de um mês, convocada pelos Estados Unidos.

Não há “provas” que confirmem a retirada da região das forças militares eritreias, acusadas de abusos e cuja saída foi anunciada no final de março pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, que em 2019 recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu papel para acabar com a guerra entre a Etiópia e a Eritreia.

“Infelizmente, devo dizer que nem a ONU nem nenhuma das agências humanitárias com as quais trabalhamos viram evidências da retirada da Eritreia”, segundo o discurso de Lowcock obtido pela AFP.

“Sem um cessar-fogo, esta séria crise humanitária só vai piorar”, alertou o funcionário.

Lowcock reiterou “a necessidade das Forças de Defesa da Eritreia acabarem com as atrocidades e se retirarem. Anunciar não é o mesmo que fazê-lo”.

Também relatou comentários sobre soldados eritreus vestindo uniformes etíopes, afirmando que “independentemente do uniforme ou insígnia, o pessoal humanitário continua a relatar novas atrocidades que afirmam estar sendo cometidas pelas Forças de Defesa da Eritreia”.

No entanto, ele indicou que “os eritreus não são o único ator” na crise e mencionou relatos de “civis atacados e expulsos de suas casas no oeste do Tigré pelas milícias da (região de) Amhara”.

O primeiro-ministro Ahmed anunciou no início de novembro o envio do exército federal à região para prender e desarmar os líderes da TPLF (Frente de Libertação do Povo do Tigré), cujas forças de Addis Abeba acusam de atacar campos das forças federais.