Por Ryan Woo e Stella Qiu

PEQUIM (Reuters) – Pelo menos 25 pessoas morreram na província de Henan, na região central da China, uma dúzia delas em uma linha do metrô na sua capital que foi inundada pelo que autoridades meteorológicas chamaram de a pior chuva em 1.000 anos.

Cerca de 100.000 pessoas foram retiradas de suas casas na capital Zhengzhou, onde o transporte ferroviário e rodoviário foi interrompido, com represas e reservatórios cheios em níveis alarmantes e milhares de tropas realizando uma operação de resgate na província.

+ China condiciona cooperação climática à evolução das relações com os EUA

+ Bancos centrais vão acelerar alta do iuan da China, mostra pesquisa global

Autoridades municipais disseram que mais de 500 pessoas foram resgatadas do metrô inundado, com imagens das redes sociais mostrando passageiros de trem com água até o peito no escuro e uma estação reduzida a uma grande piscina marrom.

“A água bateu no meu peito”, escreveu um sobrevivente nas redes sociais. “Fiquei com muito medo, mas o mais aterrorizante não foi a água, mas a falta de ar dentro do trem.”

A chuva interrompeu os serviços de ônibus na cidade de 12 milhões de pessoas localizada cerca de 650 quilômetros ao sudoeste de Pequim, afirmou o morador com sobrenome Guo, que havia passado a noite no escritório.

“É por isso que muitas pessoas usaram o metrô, e a tragédia aconteceu”, disse Guo à Reuters.

Pelo menos 25 pessoas morreram nas chuvas torrenciais que atingiram a província desde o último fim de semana, com sete desaparecidos, disseram as autoridades em uma entrevista coletiva na quarta-feira.

Entre sábado e terça-feira, 617,1 mm de chuva caíram em Zhengzhou, quase o equivalente à média anual de 640,8 mm.

Como em ondas de calor recentes nos Estados Unidos e no Canadá e enchentes na Europa Ocidental, as chuvas na China são quase certamente relacionadas ao aquecimento global, disseram cientistas à Reuters.

“Eventos climáticos extremos como esse provavelmente acontecerão com mais frequência no futuro”, afirmou Johnny Chan, professor de ciência atmosférica na City University de Hong Kong.

“É necessário que os governos desenvolvam estratégias para se adaptar a essas mudanças”, acrescentou, se referindo às autoridades em níveis municipal, estadual e nacional.

Muitos serviços de trem foram suspensos ao redor de Henan, um grande pólo logístico com população de cerca de 100 milhões de pessoas. As estradas também foram fechadas, com voos adiados ou cancelados.

Escolas e hospitais foram abandonados, e as pessoas pegas pelas enchentes se abrigaram em bibliotecas, cinemas e até mesmo museus.

“Estamos com 200 pessoas de todas as idades em busca de abrigo temporário”, afirmou um funcionário com sobrenome Wang no Museu de Ciência e Tecnologia de Zhengzhou.

“Demos macarrão instantâneo e água quente para eles. Eles passaram a noite em uma grande sala de reuniões.”

(Reportagem de Sameer Manekar em Bengaluru, Josh Horwitz e Jing Wang e Xangai, e Stella Qiu, Roxanne Liu, Cheng Leng, Yilei Sun, Judy Hua e Ryan Woo em Pequim; Reportagem adicional de Ben Blanchard em Taipé, Redação de Pequim e Kanupriya Kapoor em Cingapura)

tagreuters.com2021binary_LYNXMPEH6K0TK-BASEIMAGE