Três diretores em menos de dois anos. Essa é a sina da Iveco do Brasil, braço do Grupo Fiat que fabrica automóveis comerciais ? leia-se: caminhões, vans e picapes. Há duas semanas, a companhia anunciou seu novo homem forte. O italiano Flávio Ferraris assume o lugar de Antonio Scognamillo, que durou menos de seis meses no cargo. Em meio a tanta instabilidade, não seria difícil imaginar que a empresa está à deriva, certo? Mas na Iveco vem acontecendo exatamente o contrário. É como se o piloto automático tivesse sido ativado. Em 2002, a fabricante que está no País desde 98, apresentou balanços azuis pela primeira vez. As vendas cresceram 8% e as receitas no Brasil chegaram a R$ 507 milhões, colocando a Iveco em segundo lugar no segmento de caminhões semileves (com 30% de mercado). ?É claro que o ideal seria que os últimos diretores tivessem ficado mais tempo, mas as estratégias da companhia estão acima disso tudo?, explica Ferraris.

A dança das cadeiras na Iveco não tem a ver com a conjuntura da região, que inclui problemas na Argentina e na Venezuela. Nesses dois países, as vendas estão praticamente estagnadas há um ano e a produção está sendo escoada para outras partes do continente. Mas, apesar das turbulências na América Latina, as mudanças na Iveco são reflexo de outra crise ? a do próprio Grupo Fiat. De lá veio a ordem, por exemplo, para que Pier Luigi Zanframundo deixasse a América Latina sem ter completado um ano no cargo. Em julho do ano passado, Zanframundo foi chamado pelo chefão da FiatAuto, Giancarlo Boschetti, para tentar salvar a companhia. ?O que ajuda a empresa a se manter no caminho é a equipe brasileira, e não os italianos que vivem entrando e saindo do posto?, comentou um profissional do setor automotivo.