O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido cresceu 7,5% em 2021, após uma queda histórica de 9,4% no ano anterior, devido à pandemia da covid-19 – informou o Escritório de Estatísticas Nacionais britânicas (ONS, na sigla em inglês), nesta sexta-feira (11).

No quarto trimestre, o PIB aumentou 1,0%, apesar do início da onda da variante ômicron da covid-19. Uma alta similar havia sido registrada no terceiro trimestre, mas o valor foi revisto para baixo, acrescentou o ONS.

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Em dezembro, quando o impacto da ômicron foi mais forte e afetou bastante o comércio, restaurantes e setor hoteleiro, o PIB britânico ficou em 0,2%, mantendo-se, porém, em um nível comparável ao de fevereiro de 2020, antes do início do confinamento.

No conjunto do quarto trimestre, contudo, a recuperação do crescimento ainda não está completa, em relação aos últimos três meses de 2019.

“A economia britânica registrou um fim de ano medíocre, devido ao surgimento da variante ômicron e às restrições governamentais” para tentar conter seu avanço meteórico, comentou Rain Newton-Smith, economista-chefa da patronal CBI.

“Embora o pior já tenha passado, as empresas ainda têm de lidar com a escassez no abastecimento e as pressões nos custos, enquanto as famílias estão sofrendo o impacto do aumento dos preços”, acrescentou.

– Pressão nos lares –

Já o ministro da Economia e das Finanças, Rishi Sunak, comemorou a “resiliência” da economia britânica, que cresceu no ritmo “mais rápido entre os países do G7 este ano”. Como comparação, o PIB da União Europeia cresceu 5,2% neste ano, e o dos Estados Unidos, 5,7%.

O declínio da economia britânica em 2020 também foi, contudo, o mais importante do G7. O país foi um dos mais atingidos pela crise do coronavírus e passou por meses de rigoroso confinamento.

“A variante ômicron atrapalhou um pouco a recuperação”, afirmou a economista-chefe da KPMG no Reino Unido, Yael Selfin, mas, como um todo, “a economia britânica registrou em 2021 seu maior crescimento desde a Segunda Guerra Mundial, recuperando-se da recessão provocada pela pandemia”.

Ela disse esperar que o crescimento “se acelere a partir deste mês e que o aumento do PIB em 2022 chegue a 3,7%”. Este percentual se aproxima da previsão de 3,75% do Banco da Inglaterra (BoE) para este ano.

A economista afirma, contudo, que os próximos meses “podem ser decepcionantes”, diante do índice de inflação de 5,4%, o mais alto no país em 30 anos, e da pressão sobre as famílias, com o aumento de preços e impostos.

Segundo o Banco da Inglaterra, a inflação pode se acelerar até 7,25% em abril, em grande parte devido ao aumento dos preços da energia, até voltar a cair para 5% ao longo do ano.

Na opinião de Paul Dales, da Capital Economics, “é possível que o PIB tenha caído em janeiro, quando a ômicron obrigou um maior número de pessoas a pararem de trabalhar para se isolarem”.

Ainda assim, os indicadores sugerem que a atividade começou a se recuperar a partir de meados do mês, acrescenta Dales.

“De qualquer forma, uma queda de 2% na renda real das famílias este ano, devido ao aumento dos impostos e à inflação, limitará o crescimento a partir de abril”, completou.

“Dado o aumento da inflação, porém, isso não deve impedir o BoE de elevar sua principal principal taxa dos atuais 0,50% para 1,25% este ano, ou mesmo para 2,00% no ano que vem”, conclui Dale.