A região da América Latina e do Caribe terá um crescimento do PIB de 2,1% em 2022, muito abaixo dos 6,2% do ano passado, afetada por baixo investimento e pressões inflacionárias, avaliou nesta quarta-feira (12) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

+ China quer impulsionar fatia da economia digital no PIB para 10% até 2025

“Vemos algo muito preocupante. Viemos de uma taxa de crescimento de 6,2% e vamos para 2,1%. Será uma desaceleração muito importante do crescimento em toda a região”, disse a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, durante coletiva virtual na Cidade do México para apresentar as previsões da organização para 2022.

Por países, a Cepal estimou em seu “Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe”, que o Brasil, a maior economia da região, vai crescer 0,5%, enquanto o México teria uma expansão de 2,9%. A Argentina, enquanto isso, cresceria a uma taxa de 2,2% este ano.

Por regiões, a Cepal estimou que o Caribe crescerá 6,1%, impulsionado sobretudo pela recuperação do turismo, a América Central, 4,5%, e a América do Sul, 1,4%.

– Problemas estruturais –

O organismo assegurou que a região vai enfrentar um ano de 2022 complexo, principalmente devido à incerteza sobre a evolução da pandemia de covid-19, com investimento reduzido, lenta recuperação de empregos, menor espaço fiscal, mais pressões inflacionárias e desequilíbrios financeiros.

O investimento e a produtividade são “problemas estruturais que continuam condicionando esta possibilidade de sustentar uma recuperação para além do que vimos em 2021”, explicou Bárcena.

Na América Latina e no Caribe, o investimento em relação ao PIB “é de 19,5%, um dos investimentos mais baixos das últimas três décadas e desde já o mais baixo de todo o mundo”, enfatizou.

A média deste setor nas economias desenvolvidas é de 22,4% e de 26,8% em nível mundial, apontou.

Ele acrescentou que o motor de crescimento em 2021 “foi sem dúvida o consumo, ao qual se somaram exportações e a formação bruta de capital fixo”.

Destacou, ainda, que “o maior número de remessas sustentaram o consumo privado” regional, especialmente no México e na América Central, apoiado pela recuperação dos Estados Unidos.

No entanto, em 2021, o emprego se recuperou a uma velocidade menor do que a atividade econômica. Trinta por cento dos empregos perdidos em 2020 ainda não foram recuperados em 2021, acrescentou o relatório.

– “Dano duradouro” –

“A pandemia infligiu um dano duradouro ao crescimento das economias”, agravado por problemas estruturais prévios à crise como a “informalidade, desocupação e escassez de cobertura nos sistemas de proteção social”, ressaltou Bárcena.

Ela avaliou, ainda, que as pressões inflacionárias globais, devido ao aumento nos preços dos alimentos e da energia, vão continuar afetando a região em 2022.

Enquanto isso, a desigualdade no mercado de trabalho entre homens e mulheres se aprofundou em 2021.

“Mais de 38% dos trabalhos ocupados por mulheres destruídos durante a crise não foram recuperados. No caso dos homens, o número é de 21%”, disse Bárcena.

Para este ano, as taxas de desocupação estimadas para a região seriam de 12,4% para as mulheres e de 10,2% para os homens.