Segundo Estado no qual a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) é mais atuante no País, o Paraná tem sido alvo de constantes ações da Polícia Federal para tentar impedir que a organização criminosa criada em São Paulo se enraíze mais. Em Cascavel, no oeste paranaense, onde dois agentes penitenciários foram assassinados nos últimos dois anos por criminosos ligados ao PCC, o delegado-chefe da PF, Marco Smith, detalhou, nesta quarta-feira, 2, as ações que estão sendo realizadas.

Na terça-feira, 1º, um preso foi transferido da Penitenciária Estadual de Londrina, no norte do Estado, para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste. Sob sigilo e forte esquema de segurança, Luan Lino de Andrade, vulgo Pirlo, foi levado para a unidade prisional de segurança máxima depois de ter sido flagrado em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Mesmo preso, ele instruía sobre procedimentos esperados e pagamentos devidos.

“Houve, sim, a transferência do líder da operação (Dictum) deflagrada há duas semanas pela Polícia Federal. Por levantamento dos áudios, pudemos acompanhar que eles (os investigados) conversam mesmo presos e ainda planejam atentados, doutrinam presos e fazem cobranças das finanças da facção”, disse Smith.

Segundo ele, atualmente os líderes no Paraná estão concentrados em Curitiba e o principal objetivo da facção é até o seu aniversário espalhar os líderes pelos presídios do interior do Estado, “para fortalecer as regiões que não estão, como eles chamam, ‘na sintonia'”.

“Estamos bastante preocupados com isso, e por isso temos certeza que governo do Paraná não vai permitir essas transferências, o que seria um erro histórico que só fortaleceria a facção e que em nada ajudaria o Estado”, disse o delegado.

Smith disse ainda que duas pessoas flagradas em áudios com Pirlo foram presas em Cascavel na semana passada, sendo uma mulher, encaminhada para a vizinha cidade de Corbélia, e um homem, levado ao presídio local. O delegado-chefe da PF falou ainda sobre o risco de novos ataques da facção no Estado.

“Todas as vezes que estabelecemos que (atentados) estão próximos de acontecer, medidas são tomadas. Houve há cerca de um mês uma troca de tiros em Curitiba, entre a Polícia Militar e membros dessa facção que reagiram a uma abordagem, então o risco é constante e efetivo, e cada vez mais esse risco não é só para a polícia. Cada vez mais esse risco é também para o Judiciário e para o Ministério Público”, alertou o delegado da PF.