A Operação Urutau, das Polícias Federal e Militar Ambiental de São Paulo, e do Ibama, levou à cadeia nove pessoas por suposto tráfico de animais silvestres. Além dos mandados de prisão (preventivas e temporárias), as autoridades cumpriram 16 ordens de busca e apreensão em diversas cidades paulistas. Segundo o Ministério Público Federal, responsável pelos pedidos de prisão, a ação desarticula uma rede que se estendia por diferentes estados e abarcava desde a captura dos animais até a venda pela internet, sem nenhum tipo de controle ou autorização.

“A coordenação dos crimes concentrava-se nas cidades de São Paulo e Guarulhos. Entre as espécies negociadas estão algumas em risco de extinção, como as araras vermelha e canindé, o macaco-prego e o tucano-toco. Os animais eram anunciados em redes sociais e sites hospedados no exterior e vendidos dentro do território nacional, com preços muito abaixo dos praticados no mercado regular. Os criminosos cobravam entre R$ 500 e R$ 7 mil por aves e mamíferos cujo valor, quando comercializados por criadores devidamente autorizados, pode alcançar até R$ 50 mil”, afirma o Ministério Público Federal em São Paulo.

Segundo a Procuradoria, as investigações “começaram em 2018, mas estima-se que os alvos atuem no mercado ilegal há dez anos”. “As provas já coletadas indicam que os envolvidos apostavam na impunidade para dar sequência às atividades ilícitas. Em trocas de mensagens, um dos coordenadores, que já tinha passagem pela polícia por homicídio, chegou a admitir que o risco de ser preso novamente valeria a pena, pois o tráfico de animais não resultaria em mais que quatro meses de detenção caso fosse pego”.

Neste ano, antes mesmo de a operação ser deflagrada, os agentes realizaram apreensões de centenas de pássaros e macacos que estavam em posse de alguns dos criminosos. Diversos animais já estavam debilitados ou mortos devido às condições precárias de transporte e cativeiro a que eram submetidos. Nesta quinta, além de mais animais, os investigadores encontraram armas e uma série de documentos falsificados, utilizados pelo grupo para dar aparência de regularidade à venda aos futuros compradores”, afirma o MPF.

De acordo com a Procuradoria, as ‘autoridades alertam para os riscos da aquisição de animais silvestres comercializados sem a autorização dos órgãos de conservação’. “A prática não só gera prejuízos ambientais, mas também acarreta perigos à saúde humana, com a possível transmissão de meningite e outras doenças graves devido à ausência de controle sanitário. Os compradores ficam ainda sujeitos a punições. O crime de receptação qualificada, por exemplo, pode levar a penas que variam de três a oito anos de prisão, além do pagamento de multa”.