A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 19, a Operação Rush contra tráfico internacional de drogas, descaminho e furto de bebidas no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Segundo a PF, o esquema, que operava de dentro das aeronaves em pouso, foi desarticulado na maior operação policial realizada naquele aeroporto.

A PF diz que as investigações se iniciaram há dez meses e apontam a participação de funcionários do próprio aeroporto e de companhias aéreas, com apoio de servidores públicos da área de fiscalização aduaneira.

A corporação cumpre 23 mandados de prisão contra funcionários do aeroporto e dois contra servidores da Receita Federal.

A PF informa que foram identificados três grupos capitaneados por um ex-funcionário do Galeão, responsável por recrutar os demais membros do grupo criminoso. Ele era auxiliado por seu pai, que ainda exercia atividade laboral no Aeroporto Internacional do Rio.

“O primeiro grupo criminoso em atuação no Galeão era responsável pelo embarque de malas recheadas de cocaína em aviões com destino ao exterior, burlando a fiscalização policial e alfandegária. Para tanto, contava com o auxílio de funcionários com acesso a área restrita do aeroporto, os quais eram incumbidos de colocar malas em voos internacionais sem que as mesmas sofressem qualquer espécie de inspeção”, afirma a PF.

A corporação afirma que a droga pertencia a dois estrangeiros, um albanês e um romeno, e ficava armazenada em um galpão localizado no Mercado São Sebastião, na Penha (zona norte). Lá, era preparada em malas para o embarque, sendo transportada até aeroporto preferencialmente por meio de um táxi, pois a quadrilha considerava que assim seria menor o risco de o veículo ser parado em uma “blitz”.

A PF ainda dá conta de que no balcão de check-in, funcionários da companhia aérea providenciavam a duplicação irregular de etiquetas de bagagem despachadas por outros passageiros, inocentes, e que não pertenciam à quadrilha, afixando às malas preparadas pela quadrilha, para as quais providenciavam o despacho com o objetivo de garantir a entrada delas na área restrita, simulando destinação para voo doméstico.

“Operadores de rampa, integrantes do grupo criminoso, ao identificarem a bagagem contendo a substância entorpecente, deixavam de colocá-las no contêiner do voo doméstico, desviando as mesmas para contêineres de malas que ingressariam em voo internacional. Outra forma de acesso da cocaína era pela área de apoio do aeródromo”.

Dentro das investigações, a Polícia Federal realizou em setembro a maior apreensão de cocaína da história do Galeão, contabilizando mais de 300 quilos da droga.

A PF afirma que o segundo esquema visava o desembarque de malas procedentes do exterior, sem que as mesmas fossem submetidas à fiscalização prévia. Na maior parte das vezes, a bagagem era retirada pelos operadores de esteira do desembarque internacional e posteriormente desviadas para a esteira do desembarque doméstico, no intuito de evitar a fiscalização alfandegária e o consequente pagamento do tributo devido.

Segundo a PF, quando o passageiro passava pelo canal de inspeção da Receita Federal, em geral portava apenas bagagens de mão. Após a ação dos operadores de bagagens, as malas eram retiradas por um funcionário da companhia aérea no interior do setor de desembarque doméstico (esteira para retirada de bagagens) e entregue ao passageiro no saguão do aeroporto ou até mesmo na calçada exterior do aeroporto.

Os investigadores afirmam que funcionários do Galeão se encontravam com passageiros participantes do esquema ainda na porta da aeronave, e os acompanhavam até o canal aduaneiro, onde um servidor da Receita Federal liberava as malas que passavam pelo raio-x mesmo que identificasse mercadoria entrando de forma irregular sem recolhimento dos tributos e taxas legais. Esse servidor foi flagrado durante as investigações recebendo propina para liberar mercadorias.

“Já o último núcleo criminoso atuava subtraindo, com frequência diária, garrafas de vinho, champanhe e garrafas em miniatura de bebidas do interior das aeronaves em pouso. Funcionários da empresa de ‘catering’ realizavam o furto, levando os vasilhames para áreas conhecidas como ‘pontos cegos’, onde era feita a triagem. O esquema mostrou-se bem estruturado, contando também com auxílio de membros de empresas com trânsito livre na pista do Galeão, responsáveis por retirar a mercadoria furtada das dependências do aeroporto. Agentes de portaria e segurança também eram cooptados para fazer ‘vista grossa’ na saída das bebidas, as quais eram, posteriormente, vendidas para receptadores predefinidos. Em setembro, a PF realizou a prisão de dois funcionários do aeroporto e de um receptador. Foram apreendidas cerca de 2.715 garrafas de bebidas, veículos e dinheiro”, diz a PF.

Policiais federais cumprem 36 mandados de prisão preventiva, um mandado de condução coercitiva e 36 mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal/RJ, nos bairros: Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca, Campo Grande, Ramos, Ilha do Governador, Olaria, Bonsucesso, Saúde, Inhaúma, Praça Seca, Tomás Coelho, Magalhães Bastos, Vaz Lobo, Bangu e Jacarepaguá, todos na capital fluminense; e também nos municípios fluminenses de Queimados, Belford Roxo e Angra dos Reis, além da cidade de São Paulo.

Os presos serão conduzidos à sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Eles serão indiciados por organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, corrupção, facilitação ao contrabando e descaminho, descaminho, furto qualificado, além de associação criminosa. Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados ao sistema prisional.