Os contratos futuros de petróleo encerraram a sessão desta quarta-feira, 9, no maior nível em três anos e meio, apoiados pela decisão dos Estados Unidos de se retirarem do acordo nuclear internacional com o Irã. Além disso, os volumes de óleo cru, gasolina e destilados apresentaram baixa na semana passada em solo americano, ajudando a impulsionar os preços da commodity.

Na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do petróleo Brent para entrega em julho fechou em alta de 3,15%, para US$ 77,21. Já na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para junho avançou 3,01%, para US$ 71,14 por barril.

Em uma medida amplamente esperada, o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou Washington do pacto nuclear com Teerã, alegando que a medida tem como objetivo conter o programa nuclear do país persa ao recolocar em vigor sanções econômicas.

As penalidades devem prejudicar a produção de petróleo iraniano e reduzir a oferta global da commodity, o que fez com que os preços subissem nesta quarta-feira. Os mercados já esperavam a ação de Trump – o que ajudou o petróleo a subir mais de 10% no último mês.

Nesta quarta-feira, agentes do mercado debateram quão severa será o impacto das novas sanções. Em 2012, antes do pacto nuclear, as penalidades impostas pelos EUA tiraram do mercado cerca de 1 milhão de barris por dia de petróleo iraniano, mas houve apoio internacional para esse esforço. No entanto, após o anúncio de Trump, líderes da Alemanha, do Reino Unido e da França disseram que ainda apoiavam o acordo, apesar da decisão tomada pelos EUA.

“A questão principal é se os americanos poderiam obrigar o fim das negociações desses países com o Irã ou se esse nível de pressão não será igual ao que o Irã experimentou em 212”, disse o diretor de investimentos da Massar Capital Management, Marwan Younes.

Ainda assim, Younes comentou que os preços do petróleo devem continuar subindo. “Em termos de reação de preço, há, definitivamente, um risco positivo para os contratos”, afirmou. Além disso, o risco de tensões geopolíticas no Oriente Médio ganha força com a retirada de Washington do pacto. De acordo com o ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel Al-Jubeir, Riad fará “tudo o que puder” para obter a mesma capacidade armamentista do Irã caso Teerã consiga adquirir uma bomba nuclear. “Faremos o que for necessário para proteger o nosso povo”, garantiu o chanceler saudita.

Analistas da consultoria JBC Energy afirmaram que “entre 500 mil e 700 mil barris por dia de petróleo iraniano serão gradualmente retirados do mercado nos próximos meses – com a extremidade superior da faixa mais provável, sustentando os preços atuais”. Já analistas da Schneider Electric disseram que o impacto inicial da ação de Trump provavelmente será menor, reduzindo as exportações em apenas 100 mil a 300 mil barris por dia.

Não por acaso, autoridades americanas e sauditas afirmaram que querem manter a calma nos mercados. Para o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, o país continua comprometido com a estabilidade dos mercados de petróleo em benefício de produtores e consumidores.

Além disso, ele afirmou que está em contato com os EUA, a Rússia e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com a finalidade de garantir a estabilidade do mercado para mitigar os efeitos de qualquer escassez de oferta. O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, por sua vez, comentou que o governo americano deseja manter a calma nos mercados de energia, ao realizar um “caminho de transição ordenada” em relação ao petróleo iraniano.

Todo o movimento dos preços do petróleo, cujos contratos futuros já subiam mais de 2% durante os negócios asiáticos, teve apoio extra de dados da atividade de energia em solo americano na semana passada. De acordo com o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos EUA, o volume estocado de petróleo bruto caiu 2,2 milhões de barris na semana passada, enquanto analistas não esperavam mudanças. Já os estoques de gasolina apresentaram recuo de 2,2 milhões de barris, enquanto os estoques de destilados perderam 3,8 milhões de barris no período.

Ainda assim, outras fontes de suprimento poderia ajudar a substituir qualquer produção iraniana perdida. O DoE também mostrou que a produção de petróleo americana continua a avançar, após ter subido para 10,7 milhões de barris por dia. “É importante ressaltar que é improvável que um declínio acentuado nas exportações iranianas irá se traduzir em uma queda proporcional no fornecimento global”, disseram analistas do Goldman Sachs.

Não por acaso, o economista Thomas Pugh, da Capital Economics, aponta que as sanções “provavelmente não terão grande impacto no suprimento global de petróleo”. Embora seja provável que haja um “prêmio de risco mais alto” para os preços do óleo nos próximos meses, o impacto geral dependerá da continuidade ou não do Irã e de outros participantes internacionais no acordo nuclear. (Com informações da Dow Jones Newswires)