Os contratos futuros de petróleo fecharam a sessão desta segunda-feira, 30, no menor valor em 18 anos, com o WTI mais líquido flertando com a marca de US$ 20, em meio às renovadas incertezas sobre o impacto do coronavírus na demanda global e a expansão da produção pela Arábia Saudita.

O petróleo WTI para maio encerrou em queda de 6,60%, a US$ 20,09 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para junho recuou 5,47%, a US$ 26,42 na Intercontinental Exchange. Ambos os contratos caíram ao nível mais baixo desde o início de 2002.

As cotações da commodity operaram em forte baixa desde o domingo, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que as medidas de isolamento social no país se estenderiam até 30 de abril. Em coletiva de imprensa, Trump recuou da posição anterior, em que demonstrava desejo de retomar o funcionamento de empresas até 12 de abril.

Nesta segunda pela manhã, os preços aprofundaram ainda mais as perdas, após a Arábia Saudita informar que ampliaria a exportação de petróleo em 600 mil barris por dia (bpd), a 10,6 milhões de bpd. O anúncio sinalizou a intenção dos sauditas de seguirem elevando a oferta, em retaliação à recusa da Rússia de chegar a um acordo quanto a cortes na produção no âmbito da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+). Já o Iraque revelou que tem vendido o barril a uma média de US$ 20.

Em telefonema também nesta segunda, Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, discutiram a situação do mercado e destacaram a importância de garantir a estabilidade no setor de energia, de acordo com comunicado divulgado pela Casa Brnca.

Mesmo com o diálogo entre os líderes, investidores se mantiveram cautelosos. Segundo o Commerzbank, o quadro é particularmente difícil na América do Norte, onde já há produtores tendo que pagar compradores porque já não há mais espaço para armazenamento, para não terem que fechar suas instalações.

“Atualmente, o verdadeiro problema é causado pela demanda extremamente fraca e pelas capacidades de armazenamento que provavelmente serão esgotadas rapidamente, se o excesso de oferta de mais de 10 milhões de barris por dia continuar por vários meses”, explica o banco, em relatório enviado a clientes.

A Capital Economics projeta que o choque duplo no mercado de petróleo, tanto do lado demanda quanto da oferta, fará com que as cotações fiquem na faixa entre US$ 20 e US$ 25, pelo menos, até o segundo semestre. “Embora nossa melhor aposta é de que os preços do petróleo não estão longes de um piso, duvidamos que uma recuperação virá em breve ou tão rapidamente quanto nos mercados acionários”, destaca a consultoria, também em relatório.