Os contratos futuros de petróleo encerraram mais uma sessão em queda, em meio ao expressivo aumento nos estoques da commodity nos Estados Unidos, na esteira da pandemia de coronavírus e da guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita. Notícias sobre ações do governo americano para mitigar a crise reduziram as perdas, mas não impediram as cotações de fecharem em baixa.

O petróleo WTI para maio terminou a sessão em queda de 0,83%, a US$ 20,31 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para junho recuou 6,11%, a US$ 24,74 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

A pressão do coronavírus sobre a demanda e o impacto das divergências entre russos e sauditas na oferta continuam a direcionar os preços das commodities. Em relatório divulgado hoje, a Agência Internacional de Petróleo (AIE) avaliou que o mercado de energia está passando por um choque “como nenhum outro na história”.

O quadro adverso já provoca uma série de consequências ao setor. O Departamento de Energia dos EUA informou que os estoques de petróleo nos país subiram 13,833 milhões de barris na semana encerrada em 24 de março, cerca de três vez mais que o esperado por analistas consultados pelo jornal The Wall Street Journal, que previam alta de 4,5 milhões.

Destaque no mercado de xisto, a petrolífera americana Whiting Petroleum anunciou hoje que chegou a um acordo com investidores para pedir concordata e iniciar um processo de desalavancagem de US$ 2,2 bilhões.

“Enquanto o impacto atinge imediatamente a indústria de xisto na América do Norte, onde o caixa e os custos totais são mais próximos, os sofrimento de nações ligadas ao petróleo deve vir mais lentamente, mas deve durar mais”, avalia o Julius Baer, em relatório enviado a clientes.

Como resposta à crise, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve se reunir na sexta-feira com algumas das maiores empresas do setor, segundo noticiou a agência Dow Jones Newswires, citando fontes. A reunião terá executivos da ExxonMobil, da Chevron, da Occidental Petroleum Corp e da Continental Resources.

Em entrevista à CNBC mais cedo, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, disse que o governo pretende pedir ao Congresso autorização para ampliar a compra de barris de petróleo, para tentar conter a queda nos preços

Já na Rússia, o presidente Vladimir Putin classificou o momento como “desafiador” e pediu aos produtores para que encontrem soluções.

No entanto, mesmo com ações de governos, a Capital Economics ainda enxerga perspectivas difíceis para o mercado. “Achamos que haverá poucos estímulos de alta para os preços enquanto as medidas de contenção do coronavírus ainda estiverem em vigor”, destaca.