Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa acentuada nesta terça-feira, 14, com analistas destacando a fraqueza da demanda, que provoca desequilíbrio nesse mercado. O corte anunciado há alguns dias pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não será suficiente para reverter a situação, de acordo com os especialistas.

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O petróleo WTI para maio fechou em queda de 10,26%, em US$ 20,11 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para junho recuou 6,74%, a US$ 29,60 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Durante a sessão, o WTI chegou a ser negociado abaixo de US$ 20 o barril, a US$ 19,95 na mínima, e o Brent no fechamento continuava a perder a marca de US$ 30 o barril.

Nas primeiras horas do dia, os contratos operaram sem direção única, mesmo após no fim de semana a Opep e parceiros, como a Rússia, terem concordado em um corte adicional de 9,7 milhões de barris por dia na oferta até o fim de junho.

Mais adiante, o quadro piorou e a commodity se firmou em território negativo. Hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) global, projetando agora retração de 3,0% em 2020, diante dos impactos da pandemia de coronavírus, que resultam em menor demanda pelo óleo.

Além disso, relatos de que os estoques em Cushing poderiam lotar colaboraram para a piora, já que isso demandaria cortes adicionais. Hoje, agentes do mercado no Texas discutiam eventuais ajustes, mas havia ceticismo se esses cortes poderiam de fato equilibrar o mercado, segundo relatos da Dow Jones Newswires.

Economista do Julius Baer, Norbert Rücker comentou em relatório que o corte na oferta compensa apenas em parte “o colapso na demanda devido à crise do coronavírus”, o que segundo ele deve manter os preços deprimidos por enquanto e levar à paralisação de algumas unidades de produção de fora da Opep, inclusive nos Estados Unidos. Rücker acredita que o petróleo pode mostrar volatilidade, mas não muito distante dos níveis atuais no curto prazo “até que surja uma resposta suficiente na oferta”.

A Capital Economics, por sua vez, afirma que o corte do Opep+ “apenas reduz o excesso de oferta de petróleo no segundo trimestre”. Para a consultoria, se houver total cumprimento do acordo, somado a uma “queda involuntária na produção da América do Norte”, diante dos preços baixos, poderia haver um déficit de oferta mais adiante neste ano, “contanto que a demanda comece a ser reativada”. A Capital Economics pondera, porém, que o cumprimento total do acordo fechado pelo Opep+ é “improvável” e acredita que o preço seguirá baixo no segundo trimestre, mesmo com uma queda na produção nos EUA e no Canadá ao longo deste ano.