Os contratos futuros de petróleo fecharam em forte alta nesta segunda-feira, 2, impulsionados por expectativas de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anuncie novos cortes na produção para fazer frente ao declínio na demanda causado pelo avanço do coronavírus. Investidores também estão otimistas de que bancos centrais mundiais vão implementar medidas de estímulo à economia.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em alta de 4,45%, a US$ 46,75 o barril, após ter despencado mais de 16% na semana passada. Já o Brent para maio avançou 4,49%, a U$ 51,90 o barril, na Intercontinental Exchange.

Após terem terminado a semana passada em bear market – queda de mais de 20% em relação ao último pico -, os futuros de petróleo iniciaram o dia em rota de recuperação, com o mercado de olho nas reuniões da Opep+ previstas para quinta e sexta-feira, em Viena, na Áustria.

Desde o início do surto, a entidade tem enfrentado dificuldades para encontrar um consenso em relação ao corte na oferta da commodity. Preocupada com o impacto do coronavírus na demanda global, a Arábia Saudita pressiona por uma redução de mais 1 milhão de barris por dia (bpd) na produção até o segundo trimestre de 2020.

A Rússia, no entanto, resiste à ideia. Ontem, o presidente Vladimir Putin afirmou que, embora esteja disposto a colaborar com a Opep+, está satisfeito com os preços atuais do petróleo. Nesta segunda, o ministro da Energia do país, Alexander Novak, afirmou que Moscou está analisando uma proposta anterior do comitê técnico da Organização, que sugeria corte de 600 mil bpd.

No entanto, para o ING, a recente queda no preço dos petróleos pode servir para convencer o governo Putin a se alinhar aos sauditas. “A pressão nos preços deve fazer com que integrantes da Opep+ fiquem nervosos, o que aumenta a probabilidade de ações significativas nas reuniões”, avalia, em relatório.

Segundo o Commerzbank, mesmo que o Kremlin não aceite os cortes de 1 milhão de bpd, há expectativa de que a Arábia Saudita, unilateralmente, promova redução de mais 400 mil bpd, para atingir a meta. “As expectativas de cortes mais profundos estão oferecendo alta aos preços”, explica a instituição.

O banco também cita as perspectivas de que banco centrais pelo mundo afrouxem suas políticas monetárias para fazer frente ao vírus. Todos os contatos monitorados pelo CME Group já apostam que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) vai cortar os juros em 50 pontos-base na reunião deste mês. Já no Reino Unido, 63% acreditam que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) reduzirá 25 pontos-base sua taxa básica.

Amanhã, ministros das Finanças e presidentes do BC do G7 discutem, por telefone, possíveis medidas de estímulo para a economia.

O enfraquecimento do dólar é outro fator que sustentou a alta do petróleo nesta segunda. No fim da tarde, o índice DXY, que mede a variação da divisa americana frente a uma cesta de moedas fortes, tinha queda de 0,66%.