Os contratos futuros de petróleo tiveram idas e vindas nesta quinta-feira, 19, mas fecharam em alta. Embora continuem a existir dúvidas sobre a demanda, com lockdowns para conter a covid-19 na China, o dia foi positivo para a commodity, apoiada pelo dólar fraco e com analistas ponderando se e quando poderia haver embargo da União Europeia ao petróleo da Rússia, diante da guerra na Ucrânia.

O contrato do WTI para julho fechou em alta de 2,66% (2,85%), a US$ 109,89 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês subiu 2,69%, (US$ 2,93), a US$ 112,04 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Notícias do setor estiveram em foco. Vice-premiê da Rússia, Alexander Novak disse que seu país enviará o petróleo rechaçado pela Europa a países da Ásia e a outras regiões. Durante um fórum, Novak afirmou que as exportações do óleo por seu país se recuperam gradualmente. A Bloomberg ainda reportou que a China negocia a compra de petróleo barato da Rússia para recompor suas reservas estratégicas.

Ainda pela manhã, o petróleo inverteu o sinal positivo e passou a cair, em quadro de mais cautela nos mercados internacionais em geral. Mais adiante, houve espaço para recuperação, ajudada pelo recuo do dólar. O movimento no câmbio torna a commodity mais barata para os detentores de outras moedas, apoiando as compras.

O TD Securities afirma, em relatório a clientes, que a notícia de que a China negocia comprar petróleo russo pressionou os preços. O banco de investimentos pondera, contudo, que isso não deve compensar todas as perdas da Rússia com potencial sanção da União Europeia. O TD diz ainda que o petróleo pode receber impulso no verão do Hemisfério Norte, com mais pessoas viajando e gastando combustível.

O Julius Baer, por sua vez, diz em nota que o mercado de petróleo da América do Norte parece estar com oferta apertada, o que mantêm os preços apoiados. Para esse banco, o quadro atual de liberação de estoques estratégicos, fim de restrições na produção em alguns países produtores e crescimento da produção de xisto nos EUA deve fazer com que o mercado consiga lidar com menos petróleo da Rússia. “Nós prevemos preços mais baixos no mais longo prazo”, sustenta o Julius Baer, ao dizer que não deve perdurar o quadro de oferta muito apertada, enquanto a atividade na China perde fôlego, com consequências para a demanda pela commodity.

Já a Eurasia avalia que continua a ser provável um acordo na União Europeia para impor embargo ao petróleo da Rússia. Mas a consultoria acredita que isso não ocorrerá antes do fim deste mês, projetando que todas as importações seriam cortadas até o término de 2022.