Os contratos futuros de petróleo tiveram mais um dia de fortes perdas e encerraram a quinta semana consecutiva em queda, em meio ao recrudescimento das divergências entre Rússia e Arábia Saudita e ao cenário de maior aversão ao risco por conta do avanço global do coronavírus.

O petróleo WTI para maio encerrou a sessão desta sexta-feira, 27, em baixa de 4,82%, a US$ 21,51 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex), com recuo semanal de 4,95%. Já o Brent para o mesmo mês caiu 5,35%, a US$ 24,93 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), perdendo 7,60% na semana.

O impasse entre russos e sauditas continua a pressionar as cotações da commodity. Segundo a agência de notícias da Arábia Saudita SPA, o ministro da energia do país negou a existência de discussões com o Kremlin para voltar a negociar um acordo sobre cortes na produção, em meio ao declínio da demanda por conta do coronavírus. Ele teria dito ainda que não há conversas para ampliar o número de países na Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

“Não parecer haver, no horizonte, perspectivas para o fim da guerra de preços, principalmente depois da reunião de ontem do G-20. A nota seguinte ao encontro não mencionou petróleo ou energia, apesar de pressões dos Estados Unidos para tentar estabilizar o mercado”, destaca o ING.

O noticiário sobre os desdobramentos da pandemia também pesa no mercado. Um quadro de cautela voltou a predominar hoje, derrubando bolsas por todo mundo e diminuindo o apetite por ativos de risco, como commodities. O número de casos do coronavírus passou de meio milhão e, embora o Congresso americano tenha aprovado um pacote de US$ 2 trilhões em estímulos fiscais, ainda há dúvidas sobre a capacidade de governos em atenuar a recessão. Para a diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, a crise será tão forte ou pior quanto a registrada em 2008 e 2009.

O cenário deve provocar uma forte queda na demanda por petróleo, que, para a Capital Economics, não poderá ser atenuada por ações de governos. “Até que algumas das medidas de contenção sejam retiradas, o afrouxamento da política monetária e medidas fiscais não devem aumentar a demanda por commodities”, avalia, em relatório enviado a clientes.