Com a reputação contaminada pela decadência da petroleira OGX – que fez parte do império X, de Eike Batista – e com projetos inviabilizados com a queda nos preços do petróleo, que atingiram níveis mínimos no início de 2016, empresas nacionais de óleo e gás estão diante de uma chance de se reerguer. A recuperação do preço do petróleo, a venda de ativos da Petrobras e o programa de leilões permanentes de blocos exploratórios da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP) deram novas oportunidade para companhias como Petrorio, QGEP e Ouro Preto.

“Algumas coisas estão sendo revistas no setor e a expectativa é que, mesmo em um cenário com preço de petróleo mais baixo, o mercado continue atrativo”, diz o especialista em energia Daniel Rocha, diretor executivo da Accenture Strategy.

Na Petrorio (ex-HRT), a venda de ativos não só pela Petrobras, mas também por outras empresas de grande porte, como a Maersk, é vista como a principal oportunidade para novos negócios. Desde que a companhia foi reformulada, após atingir o fundo do poço em 2013, o foco passou a ser campos maduros que não são mais do interesse das multinacionais. “São ativos que têm a ver com nossa expertise”, diz o presidente da empresa, Nelson Queiroz Tanure. Segundo ele, a companhia tem olhado, para comprar, participações de até US$ 1 bilhão em campos já em fase de produção.

Funcionário de carreira da Petrobras e ex-executivo do grupo de Eike Batista, Rodolfo Landim, hoje presidente da Ouro Preto – de capital fechado -, afirma que a venda de ativos da estatal é uma oportunidade para as empresas do setor de médio porte, “principalmente para as brasileiras que conhecem as bacias sedimentares do País”. Ele destaca ainda a melhora do preço do petróleo como fator que tem favorecido as companhias. O barril, que hoje está na casa dos US$ 77, chegou a valer menos de US$ 30 no início de 2016.

Na Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), as alterações regulatórias, como a abertura do mercado para exploração do pré-sal e a simplificação das regras de conteúdo local, foram vistas como capazes de potencializar o setor. “Com essas mudanças, as grandes companhias estão voltando para o Brasil com intensidade. Para empresas do nosso tamanho, é importante que elas estejam aqui, porque permite nos atrelarmos a elas”, diz o presidente da QGEP, Lincoln Guardado.

Leilões

Rocha, da Accenture Strategy, destaca ainda o novo formato de leilões da ANP como propulsor das petroleiras brasileiras. Neste mês, a agência deverá divulgar um edital para licitar 158 blocos exploratórios de petróleo. O certame não será concluído em uma data específica, já que o modelo do leilão é permanente. “Eventualmente, um bloco não é interessante para uma empresa agora, mas, uma mudança do cenário, como uma alta do petróleo, pode tornar o bloco atrativo”, diz o consultor. “Esses leilões têm grande potencial”, acrescenta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.