Por Marta Nogueira e Roberto Samora

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras voltou a prever a construção de uma segunda unidade de refino na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), além de planos para ampliação da primeira, com investimentos de 1 bilhão de dólares entre 2022-2026, segundo seu mais novo plano estratégico.

A decisão, que ocorre enquanto o mercado doméstico tem apresentado crescimento do consumo de combustíveis e dependência de importações, prevê adicionar 145 mil barris por dia de capacidade de processamento à refinaria, para a qual a petroleira busca um comprador.

O diretor-executivo de Refino e Gás Natural da petroleira estatal, Rodrigo Costa, reiterou que a Petrobras reiniciará o processo para a venda da Rnest, após ele ter sido encerrado em agosto, sem ofertas dos interessados.

“O nosso raciocínio, o nosso entendimento é que damos prosseguimento a esse projeto que adiciona valor que nós podemos capturar no processo de desinvestimento”, disse Costa.

O diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da companhia, Rodrigo Araujo, adicionou que uma indefinição sobre a segunda unidade de refino foi um dos fatores que teriam pesado na ausência de interessados da Rnest. Para ele, a construção poderá ser um mitigador de riscos para o desinvestimento.

A decisão do investimento também acontece enquanto a Petrobras vem sendo pressionada por políticos para controlar preços de combustíveis no mercado doméstico, diante de reflexos de uma escalada das cotações internacionais nos valores apresentados aos consumidores brasileiros, nos postos.

A petroleira não tem hoje capacidade para atender toda a demanda doméstica por combustíveis.

A Rnest entrou em operação em 2014 e é a mais recente refinaria da Petrobras, que foi envolvida em escândalos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato. No último plano estratégico da Petrobras, a companhia apenas citava a unidade no portfólio de desinvestimentos.

Com os novos investimentos, a Rnest terá sua produção ampliada de 115 mil para 260 mil barris por dia (bpd) em 2027, segundo nota da Petrobras.

Questionados por analistas, os executivos não deram mais detalhes sobre os resultados esperados com os investimentos na Rnest, incluindo o retorno do capital a ser empregado. Eles pontuaram, no entanto, que tais aportes são resilientes a todos os cenários da companhia, o que garante robustez ao projeto.

Ainda na área de refino, gás e energia, a Petrobras informou que investirá 7,1 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, sendo 1,5 bilhão de dólares na integração entre a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e o GasLub Itaboraí, para a produção de derivados de alta qualidade e óleos básicos, a fim de aproveitar a crescente demanda do mercado de lubrificantes.

No plano anterior, a Petrobras havia estimado investimentos de 3,7 bilhões de dólares na área de refino.

Atualmente, a empresa busca vender oito refinarias e manter apenas as cinco que têm nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, perto dos principais mercados consumidores.

O diretor de refino reiterou que a empresa também retomará o processo de investimento Refap e Repar, que também foram interrompidos após a empresa não conseguir negociá-las.

Para as refinarias do eixo Rio-São Paulo, a empresa prevê investir para atingir 100% da produção de diesel S-10 até 2026.

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