Nesta terça-feira (29), o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, afirmou que a estatal, por lei, não pode fazer política pública com os preços dos combustíveis e “menos ainda” política partidária. Para ele, esse movimento pode arranhar a reputação da empresa.

De saída do cargo após ter sido substituído pelo presidente Jair Bolsonaro, ele discursou hoje durante a inauguração da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Justiça Militar da União, no Superior Tribunal Militar (STM), em Brasília.

A previsão é que Silva e Luna fique no cargo até o mês que vem, quando assumirá Adriano Pires, o sucessor escolhido por Bolsonaro, que ainda não explicou oficialmente por que tomou a decisão. Com a alta nos preços dos combustíveis, Bolsonaro tem mostrado insatisfação com a estatal nos últimos meses.

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Preços

Silva e Luna finalizou seu discurso afirmando que a empresa não exerce mais o monopólio e precisa praticar preços de mercado. Ele reforçou o que vem falando insistentemente nos bastidores: “a aplicação de preços de mercado garante o abastecimento do País”.

Ele explicou que outros importadores não trazem cargas para o mercado brasileiro se a Petrobras praticar preços abaixo do praticado lá fora, e que por isso é necessário manter os preços dos combustíveis alinhados com o mercado externo.

Apesar de o executivo afirmar que os preços da empresa são alinhados ao mercado internacional, importadores reclamam de defasagem em relação ao Golfo do México, parâmetro para os preços dos derivados no Brasil.

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), porém, com a queda do preço do petróleo nesta terça-feira no mercado externo, a defasagem nos portos brasileiros atualmente está zerada para a gasolina e é de apenas 3% em relação ao diesel.

Demissão

Ainda durante a cerimônia, o general reservou-se a dizer aos jornalistas que o motivo de sua demissão é “complexo”. “Vou passar por um período de silêncio. Pretendo conversar com toda a imprensa, colocar informações e tirar dúvidas, até pela reputação da empresa que pode estar sendo arranhada”, respondeu, ao confirmar que fica no cargo até o dia 13 de abril.