Os planos declarados da Petrobras de reduzir seu tamanho vêm agradando os investidores. Na sexta-feira 26, a estatal informou que pretende vender oito de suas 15 refinarias, a rede de postos de combustíveis no Uruguai e uma parcela não divulgada de sua participação na BR Distribuidora. O anúncio vem na esteira de dois desinvestimentos já realizados neste ano. Em janeiro, foi vendida a refinaria de Pasadena, no Texas, que tanta dor de cabeça trouxe à ex-presidente Dilma Rousseff. Em abril, foi a vez da transportadora de gás TAG.

Esse movimento vem se refletindo na valorização das ações acima da média do mercado. Entre janeiro e abril os papéis da companhia sobem quase 20%. No mesmo período, o Ibovespa avançou cerca de 10%. Essa tendência pode continuar. “A Petrobras está vendendo seus ativos menos rentáveis, se tornando mais enxuta, menos alavancada e melhorando sua produtividade”, afirma Rafael Passos, analista da Guide. O cenário econômico também tem sido favorável. “Tanto o dólar quanto o petróleo ficaram mais caros nos últimos meses, o que eleva o faturamento”, diz Passos.

Há fôlego para novas altas? Sim, diz Álvaro Frasson, analista da Necton. “A valorização na bolsa reflete a expectativa positiva com eventos futuros, como as vendas de participações na BR Distribuidora e na Braskem, e a cessão onerosa”, diz ele. “Quando isso ocorrer, devem surgir novas perspectivas para a companhia.” A maior parte das corretoras recomenda a compra dos papéis da Petrobras, com preço-alvo de R$ 33, o que representa um potencial de valorização de 20% até o fim do ano.

No entanto, o fato de permanecer estatal faz com que esse investimento tenha riscos adicionais. Os investidores não podem descartar a hipótese de novas intervenções políticas, diz Passos, da Guide. “Pelo medo de perder a opinião pública, o presidente Bolsonaro pode acabar tomando decisões erradas na Petrobras”, afirma Frasson.