Por Marta Frackowiak

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras teve lucro líquido de 1,17 bilhão de reais entre janeiro e março, com impulso da valorização do petróleo Brent e alta das vendas de diesel, ante uma perda recorde de 48,5 bilhões de reais no mesmo período do ano passado, quando a companhia fez baixas contábeis bilionárias, antevendo impactos com a pandemia.

O resultado, no entanto, caiu ante o lucro líquido recorde registrado no quarto trimestre, de 59,9 bilhões de reais, quando muitas das baixas contábeis pelos preços do petróleo foram revertidas, uma vez que o mercado se recuperou.

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse ao comentar o primeiro balanço no comando da companhia que os resultados apresentados aos investidores e à sociedade em geral “foram sustentáveis, apesar do contexto desafiador”.

“A Petrobras continuará a trajetória de geração de valor, com uma gestão pautada na transparência, no diálogo e na racionalidade e com investimentos concentrados nos ativos em que somos reconhecidos como líderes mundiais”, completou Luna, que assumiu o posto em abril, indicando continuidade ante a gestão anterior.

O preço médio do petróleo Brent, referência internacional, foi de 60,9 dólares por barril no primeiro trimestre, ante 50,26 dólares por barril no mesmo período do ano passado e 44,23 dólares por barril no quarto trimestre.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou 48,9 bilhões de reais nos primeiros três meses de 2021, alta de 30,5% na comparação anual, superando estimativa da Refinitiv, que previa 45,3 bilhões de reais. Na comparação com o quarto trimestre, houve avanço de 4%.

Este resultado reflete as maiores margens do óleo fruto da valorização dos preços do Brent, compensadas pelos menores volumes de vendas. Além disso, excluindo o efeito da ausência do ganho com a revisão atuarial do plano de saúde, ocorrido no quarto trimestre, houve redução das despesas operacionais que afetam a métrica.

A receita de vendas, por sua vez, foi de 86,17 bilhões de reais, alta de 14,2% ante o mesmo período do ano passado e avanço de 14,9% em ralação ao quarto trimestre devido, principalmente, à valorização de 38% nos preços do Brent.

Contribuíram também para o resultado a maior receita com diesel, que atingiu 25,2 bilhões de reais (27% superior ao quarto trimestre), em função do aumento da participação da Petrobras no mercado do combustível fóssil e do crescimento das vendas de diesel S-10, apesar da queda do volume de vendas total de diesel.

OUTROS COMBUSTÍVEIS

A valorização do Brent também resultou em maiores receitas para os demais derivados, além do diesel, embora o volume de vendas no mercado interno tenha sofrido redução de 5,6% devido à sazonalidade e às restrições impostas pela Covid-19.

A exceção foi o crescimento de 8,3% no volume de vendas de óleo combustível para geração de energia termelétrica e para uso do segmento industrial.

Mesmo com o menor volume exportado de petróleo e derivados no trimestre, a receita com exportações atingiu 22,8 bilhões de reais, alta de 16,2% ante o quarto trimestre, diante do avanço dos preços do petróleo.

Houve no trimestre um aumento da participação das vendas para a China, atingindo 56%, ante 48% um ano antes e 42% no quarto trimestre.

Cingapura, por sua vez, manteve-se como o principal destino das exportações de derivados, com 75%, aproveitando as oportunidades trazidas por regras internacionais que reduziram o teor de enxofre permitido em combustíveis marítimos.

Entre janeiro e março, apesar da queda no volume de vendas nos mercados interno e externo e da elevada formação de estoques em relação ao quarto trimestre, houve aumento dos recursos gerados pelas atividades operacionais, que alcançaram 40,1 bilhões de reais, principalmente devido à alta do Brent.

A empresa teve fluxo de caixa livre positivo em 31,1 bilhões de reais no primeiro trimestre

No trimestre, houve ainda uma redução dos custos de exploração, principalmente em função das maiores baixas ocorridas no quarto trimestre nas bacias do Espírito Santo e Campos.

No primeiro trimestre, também foi realizado impairment no valor de 508 milhões de reais em função, principalmente, de parada das atividades da plataforma P-33 na Bacia de Campos.

A dívida líquida da companhia registrou 58,4 bilhões de dólares no fim de março, ante 63,2 bilhões de dólares um ano antes.

O indicador de alavancagem medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado atingiu 2,03 vezes no fim do trimestre, a melhor marca desde 2012.

(Por Marta Nogueira, com reportagem adicional de Sabrina Valle e Gram Slattery)

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