Papéis avulsos

A venda de ativos, a cessão onerosa e a consequente redução do endividamento da Petrobras mantêm os analistas de mercado otimistas com o desempenho das ações da companhia mesmo após a significativa alta de 41,5% nos últimos doze meses. De dez carteiras recomendadas por bancos e corretoras para setembro, seis incluíram os papéis da petroleira, que lideraram as sugestões. Em seguida, com cinco recomendações, aparecem as ações do Bradesco; e, com quatro indicações cada, Itaú Unibanco e IRB dividiram o terceiro lugar. Foram consideradas as carteiras do BB-BI, Bradesco, BTG Pactual, Coinvalores, Genial, Guide, Mirae, Necton, Socopa e XP. “O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, continua o processo de desinvestimento em ativos não essenciais, com a venda de campos de exploração e outros ativos como refinarias e distribuidoras”, escrevem os analistas da Necton.

 

Touro x Urso

Sem novas notícias positivas vindas de Brasília após a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, o Ibovespa segue patinando sem sair do lugar. O principal índice da bolsa continua ao redor dos 100 mil pontos, patamar alcançado pela primeira vez em junho. O ambiente internacional, com a guerra comercial e o ruidoso Brexit, também não trouxe contribuições positivas para o mercado local.

 

Saúde

Banco Inter vende planos da MetLife

O Banco Inter fechou uma parceria com a seguradora MetLife para oferecer planos odontológicos digitalmente. A contratação pode ser individual ou familiar, com preços a partir de R$ 37,90 por pessoa. O cliente escolhe a data de vencimento e o pagamento é realizado por débito automático. O plano oferece acesso a consultas, radiografias e procedimentos como cirurgia e tratamento de canal. As ações do Banco Inter sobem 211,7% em 2019.

 

Agro

Minerva se protege da crise argentina

O frigorífico Minerva, com uma participação de aproximadamente 17% no mercado argentino, tem tomado providências para se proteger da crise cambial que atingiu o país desde que Alberto Fernández, candidato peronista à presidência, venceu as eleições primárias no dia 11 de agosto. “Desde o início do ano, temos adotado a política de manter a exposição líquida de ativos e passivos cambiais sempre ativa na ponta em dólares, na Argentina”, diz o comunicado da empresa divulgado na segunda-feira 2, um dia após medidas do BC argentino para manter a estabilidade do peso argentino frente ao dólar. As ações da empresa sobem 57,1% em 2019.

 

Destaque no pregão

Aneel impõe revés à Cemig Distribuição

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) rejeitou os recursos da Cemig Distribuição (Cemig-D) e manteve duas multas, que em conjunto somam R$ 27,4 milhões. A empresa foi punida por não atender aos padrões mínimos de qualidade na distribuição de energia e por descumprir normas da Aneel relativas à informação de dados. A Cemig-D também terá de recalcular os indicadores em até 30 dias. Apesar de parecer apenas um percalço burocrático, os especialistas advertem que as consequências podem ser graves. “O descumprimento dos indicadores de qualidade do serviço e de saúde econômico-financeira das distribuidoras por dois anos consecutivos enseja a abertura de processo de caducidade de concessão”, alertam os analistas da Guide, em relatório, no qual não descartam o risco da companhia perder suas concessões para operar no mercado de energia em Minas Gerais. As ações da Cemig avançam 20,5% em 2019.

Palavra do analista:
“A decisão eleva as preocupações com a Cemig, que além das multas financeiras, pode sofrer processos de caducidade da concessão”, escrevem os analistas da Guide. Eles dizem ainda que a Cemig deve adotar as medidas necessárias para evitar esse cenário. “De qualquer forma, os papéis devem reagir de forma negativa nas próximas sessões”.

 

Construção

MRV avalia incorporada dos Menin nos EUA

A MRV Engenharia está avaliando comprar uma participação da empresa AHS Residential, controlada pela família Menin e que atua no segmento de imóveis multifamiliares nos Estados Unidos. “Estar no mercado americano (que possui enorme potencial) é uma importante estratégia de diversificação para a MRV”, diz a construtora, no comunicado ao mercado. Ela esclareceu, contudo, que até o momento não há qualquer decisão a respeito da realização do investimento. As ações da MRV sobem 56,6% no ano.

 

 

Mercado em números

NATURA
R$ 1,2 bilhão – É o aumento do capital social a ser proposto em assembleia no dia 17 de setembro, mediante a capitalização de parte do saldo da conta de reserva de lucros, com a emissão de 432,5 milhões de ações que serão entregues aos acionistas como bonificação

BRASKEM
R$ 667,4 milhões – É o valor dos dividendos a serem pagos aos acionistas da petroquímica que será proposto pela administração da companhia em assembleia no dia 3 de outubro

LIGHT
R$ 29,5 milhões – É o valor da multa aplicada pela Aneel como conseqüência da explosão no sistema subterrâneo de distribuição da empresa em setembro de 2016

ODONTOPREV
R$ 28 milhões – É o montante pago pela empresa de planos odontológicos em dividendos relativos ao segundo trimestre

SARAIVA
R$ 17,2 milhões – Foi o prejuízo consolidado registrado em julho pela rede de livrarias, que se encontra em processo de recuperação judicial

 

Número da semana

58%

Foi a alta dos pedidos de falência em agosto em comparação com julho, informou a Boa Vista SCPC. No mesmo período, os pedidos de recuperação judicial avançaram 41,3%. No entanto, no acumulado de 12 meses até agosto, os pedidos de falência caíram 8,6% e os de recuperação judicial, 15,1%. Os pedidos de soluções judiciais não significam sua aceitação pela Justiça. O levantamento da Boa Vista mostra que, em agosto, o indicador de Recuperações Judiciais Deferidas caiu 10,7%. Em 12 meses, a queda foi de 11,9%. Segundo a Boa Vista, a alta dos pedidos de falência em agosto foi a segunda consecutiva, mas ainda não é possível falar em mudança de tendência. Os pedidos permanecem na trajetória declinante iniciada em 2017 devido à melhora nas condições econômicas. No entanto, a continuidade desse processo depende de boas notícias nos próximos períodos.

 

 

Entrevista da semana

“Investir em causas sociais deixa de ser caridade e passa a ser oportunidade”

Tiago Fernandes, sócio da VRB Capital

O fundo de fundos VRB Multimercado, da instituição filantrópica VRB, replica estratégias de casas renomadas como Verde, Oceana, SPX e Kapitalo, especializadas nesse tipo de produto. A carteira, porém, tem dois diferenciais. Um deles é que o fundo começou com  o apoio do megainvestidor George Soros. Outro é o destino da taxa de administração paga pelos cotistas. O fundo cobra 1%. Desse total, 0,3% cobrem os custos e o 0,7% restante vai para projetos filantrópicos. Um dos exemplos é o time de futebol Pérolas Negras. Com refugiados do Haiti no plantel, a equipe disputa uma vaga na segunda divisão do campeonato carioca. Desde o inicio da operação, em 2016, foram destinados cerca de R$ 4,5 milhões para projetos de impacto social. O retorno acumulado pelo fundo no período é de 198% do CDI.

O que tem atraído os investidores ao fundo da VRB?
Os investidores se preocupam cada vez mais com o impacto que o investimento vai gerar na sociedade, além do retorno financeiro, e o fundo é uma alternativa para eles. Entendemos que faria sentido combinar dois extremos, o mercado financeiro e as comunidades vulneráveis. Isso é comum no Exterior, mas ainda é incipiente no Brasil. Investir em causas sociais deixa de ser caridade e passa a ser oportunidade.

Qual o tamanho e o limite do fundo da VRB?
O fundo tem um patrimônio próximo de R$ 220 milhões. Quando chegar aos R$ 500 milhões, ele deve ser fechado para captação, sem previsão de reabertura, que vai depender das negociações com as gestoras parceiras.

Além do time de futebol, que outros projetos têm apoio da VRB?
No Rio de Janeiro, temos atuado na área de segurança pública em parceria com a polícia, até porque não vamos conseguir sair do buraco do ponto de vista da segurança sem uma polícia forte. Em São Paulo, focamos em projetos de educação financeira.