Tentando descolar-se do aumento no preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (PL) desenvolveu nesta semana um processo de “fritura” do presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna. Em busca da reeleição e atrás de Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro declarou nesta quarta-feira (16), à TV Ponta Negra, que a estatal cometeu um “crime” contra a população.

Bolsonaro ainda declarou que “é impagável o preço dos combustíveis no Brasil” e que a “Petrobras não colabora com nada”. Por fim, o chefe do Executivo afirmou que “todo mundo no governo pode ser substituído”.

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Segundo a coluna de Malu Gaspar, no jornal O Globo, Bolsonaro já possui a estratégia para afastar Luna e Silva da Petrobras. Como o regulamento da estatal diz que seu presidente deve integrar o conselho, a ideia seria retirar o nome do general da lista de conselheiros, em assembleia de acionistas marcada para 13 de abril.

A tática já foi utilizada anteriormente, na saída de Roberto Castelo Branco, ex-presidente da Petrobras que teve divergências com Bolsonaro. O possível substituto na presidência da empresa seria Rodolfo Landim, presidente do Flamengo.

Em entrevista a Andreia Sadi, na Globo News, Luna e Silva disse nesta semana que “jamais” pedirá demissão. “A gente morre junto na batalha e não deixa a tropa sozinha”.

A reação de Silva e Luna teria sido interpretada como uma afronta e insubordinação ao governo pelos ministros militares mais próximos a Bolsonaro: Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).

Segundo a coluna de Vicente Nunes, no Correio Braziliense, os filhos de Bolsonaro aderiram em peso à campanha contra Silva e Luna. O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), um dos principais conselheiros sobre a comunicação do Planalto, teria recomendado ao pai que nomeie os culpados pelo reajuste dos combustíveis. Em sua avaliação, se conseguir superar o recente desgaste provocado pela Petrobras, Bolsonaro seria reeleito em outubro.

Bolsonaro reiteradamente afirma que a estatal “não é aquilo que gostaria”, além de acenar com a possibilidade de privatização da estatal. “Se eu quiser trocar hoje o presidente da Petrobras, não posso”, reclamou Bolsonaro em transmissão ao vivo em suas redes sociais nesta semana. “A Petrobras é praticamente independente”.

A Petrobras anunciou no último dia 10 um reajuste no preço da gasolina (18,8%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16%).