SÃO PAULO (Reuters) – As ações da Petrobras desabavam nesta sexta-feira, chegando a recuar cerca de 9% no pior momento, com anúncio de reajuste nos preços dos combustíveis adicionando preocupações entre agentes financeiros sobre interferência política na estatal.

Por volta de 12:35, Petrobras PN caía 8,22%, a 26,69 reais, e Petrobras ON recuava 8,58%, a 29,50 reais. Nas mínimas até o momento, chegaram a 26,46 e 29,40 reais, respectivamente.

Os papéis capitaneavam as perdas do Ibovespa, que cedia 3,66%.

“Reajuste dos preços foi necessário”, diz Petrobras em comunicado

Petrobras anuncia reajustes de 14,26% para diesel e de 5,18% para gasolina

A companhia aumentou a gasolina em 5,18% e o diesel em 14,26%, valendo a partir de sábado. O anúncio da Petrobras já era esperado desde quinta-feira.

Para o analista do Credit Suisse Regis Cardoso, o aumento dos preços é positivo para a companhia, “mas pode aumentar a pressão política”.

Tal premissa era endossada por comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que, pouco após a empresa comunicar os reajustes, pediu a renúncia imediata do presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho.

“O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente”, disse Lira no Twitter.

Em entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara também disse que irá reunir o colégio de líderes, governo e oposição para discutir a política de preços da empresa. “Para discutir o que podemos fazer, como, por exemplo, dobrar a taxação do lucro da Petrobras para reverter isso direto para a população.”

Na visão do analista da Terra Investimentos Terra Chinchila, os últimos desdobramentos trazem de volta as incertezas sobre a interferência política na empresa e investidores mostram pressão do lado vendedor.

Além disso, ressaltou, o cenário de forte desaceleração global e descasamento nos preços praticados no mercado interno também são temas que pressionam as ações da companhia.

No exterior, os preços do petróleo também experimentavam uma sessão de perdas relevantes, de cerca de 6%.

 

(Por Paula Arend Laier, com reportagem adicional de Eduardo Simões)

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