A Odebrecht indicou no pedido de recuperação judicial, protocolado nesta segunda-feira, 17, que dada a sinergia das operações do grupo e o cruzamento de dívidas, eventualmente, todo o conglomerado pode buscar proteção contra credores na Justiça, o que envolveria dívidas de R$ 98,5 bilhões. Este seria o maior pedido de recuperação judicial que se tem notícia, como consequência do maior escândalo de corrupção da América Latina.

A petição ajuizada envolve dívidas concursais de R$ 51 bilhões, excluindo as dívidas entre companhias, avais e garantias. Mas o documento menciona que o inadimplemento de um único pagamento pode provocar o acionamento de garantias e elevar esse passivo para R$ 65 bilhões.

A Odebrecht ressalta que neste momento está sendo considerado o pedido apenas das companhias apresentadas, envolvendo essencialmente a Kieppe Participações e Administração, a Odbinv, controladora da Odebrecht SA, que controla as empresas do grupo, assim como o braço de investimento e o braço de Serviços e Participações.

Entretanto, uma eventual avaliação da necessidade de trazer outras empresas para o processo será feito na apresentação do plano de recuperação judicial. Ao mesmo tempo, lembra que a Ocyan, a Atvos, a Enseada e a construtora OEC não são parte do pedido de recuperação agora apresentado.

No mesmo documento, a Odebrecht comenta que os maiores credores que aparecem no processo apresentado nesta segunda-feira são os mesmos da Atvos, que entrou com pedido de recuperação judicial em 29 de maio, ou seja, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú. A companhia cita ainda que as requerentes do pedido de recuperação apresentado nesta segunda são garantidores de mais de R$ 10 bilhões em dívidas da Atvos.

O escritório Munhoz Advogados e a empresa de assessoria financeira Ricardo K auxiliam o grupo na reorganização de seu passivo.