Todo ano, o empresário Díonisio Pestana passa seu mês de férias dentro de um hotel, curtindo a estadia. Seria normal, não fosse por um detalhe: ele é dono do hotel. Também não se trata de economia, pois o Grupo Pestana, com sede em Portugal, faturou no ano passado US$ 245 milhões, um crescimento de cerca de 20% em relação a 2001. É que Pestana troca uma praia ou um safári para ficar checando o serviço como se fosse um hóspede normal. E pretende ter mais trabalho em território nacional. ?Vamos investir R$ 100 milhões na expansão da rede brasileira?, diz Pestana à DINHEIRO. Ou seja, ele vai aplicar por aqui o mesmo empenho com que transformou um único hotel de 200 quartos, que herdou do pai na Ilha da Madeira, no maior grupo hoteleiro de Portugal. E ele ainda achou tempo para buscar outras oportunidades fora do ramo, como uma companhia de aviação executiva, cassinos e indústria de bebidas, entre outros.

Hoje, Pestana tem cinco endereços no País ? Natal, Angra dos
Reis, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador ? e mais um em construção, em Curitiba, o maior patrimônio do grupo fora de Portugal. Cerca de R$ 150 milhões já foram investidos. Esse segundo aporte, no próximo ano, vai acelerar o crescimento e a melhoria da rede. Novas unidades podem ser instaladas em Florianópolis, Fortaleza, Recife ou Porto Alegre. Para sustentar esses planos, o jeito foi correr atrás de investidores, sem recorrer à abertura de capital. ?Minha experiência com acionistas foi complicada?, explica. ?Somos uma companhia familiar.?

Diante do impasse, veio uma solução promissora: a estréia em fundos imobiliários. Ou seja, vender parte das ações do hotel para o varejo. Quem compra, recebe os rendimentos gerados pelo imóvel equivalentes à cota de títulos adquirida. Em setembro, eles fizeram a primeira emissão, com ações do Pestana Rio Atlântica. Em uma hora e meia, um lote de R$ 600 mil estava todo vendido.