Todo mundo tem falado muito sobre como a economia deverá ser um dos mais sensíveis temas da campanha eleitoral e possivelmente a área com maior capacidade de mudança de voto na corrida pelo posto mais alto do Executivo brasileiro. Pois bem. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), divulgada na quinta-feira (27) mostra que conquistar o brasileiro pode não ser tão fácil assim. Segundo o levantamento, 65% dos entrevistados acreditam que a economia não está no caminho certo. Quando comparada a mesma questão com o período que antecedeu o Auxílio Brasil (que deveria ser um motor de popularidade para o presidente Jair Bolsonaro) o indicador se manteve estável, e segue acima de 60% desde o início de 2021. 

O que isso significa? Duas coisas, segundo analistas políticos. Primeiro que o governo com as confusões de pagamento e dificuldade de organizar o benefício perdeu um capital político importante para uma agenda positiva, segundo que os eleitores atendidos pelo programa sabem que qualquer presidente eleito não irá simplesmente retirar o benefício conquistado. 

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Carlos Calado, analista político e professor do curso de pós-graduação em Gestão de Políticas Públicas da Universidade de Brasília é um dos que esperam um debate político quente no campo econômico. “No meu entendimento, pegar a bandeira do programa social terá pouco apelo. O olhar estará na criação de emprego, na redução da inflação, no aumento da renda. Sobre isso o eleitor quer ouvir”. Para ele, nessa composição da terceira via, um projeto econômico com apelo popular, explicações simples e propostas concretas são essenciais. “A popularidade de Lula e Bolsonaro é inegável, mas há entre 10% e 20% dos eleitores que migrariam de candidato se for impactado por um programa de governo forte e, principalmente, que apresente uma solução para a crise”, disse. 

Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e Sérgio Moro (Podemos) são os candidatos com maior capacidade de capitanear ao menos uma fatia desses eleitores. Mas o caminho é longo. Segundo a pesquisa do Ipespe, Lula ainda lidera as intenções de voto (44%), podendo ser eleito ainda no primeiro turno. Bolsonaro surge na segunda colocação, com 24%. Ciro e Moro empatam com 8% e 9%, respectivamente. Dos outros potenciais candidatos, o único que pontua é Doria, com 1%.