Um levantamento da Rede Brasileira em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) indica que 19,1 milhões de brasileiros (9% da população) passam fome e sofrem com insegurança alimentar grave: mais de 24 horas sem ter o que comer. Entre os que não contam com alimentos em quantidade suficiente estão 24,5, milhões.

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A pesquisa, realizada entre 5 e 24 de dezembro de 2020 e publicada pelo jornal Folha de São Paulo, ainda mostra que mais da metade da população (55%) sofre com insegurança alimentar grave, moderada ou leve.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a insegurança alimentar caía desde 2004, mas voltou a subir a partir de 2014. O cenário de inflação recente indica que os números  podem ser ainda piores.

A FGV Social indica que o rendimento domiciliar per capita do trabalho caiu de R$ 249 para R$ 172 por mês, em média, entre os mais pobres. Embora sejam pessoas que tenham acesso a programas sociais do governo, os números indicam a precarização trabalhista, a criação de empregos informais e pior remunerados. A pesquisa indica que muitas famílias gastam quase toda sua renda em alimentos, transporte e moradia.

O estudo valida a Escala Brasileira de Segurança Alimentar usada pelo IBGE e atualiza a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

Além da insegurança alimentar e desemprego, essa queda de renda fez aumentar o número de favelas no Brasil – mais que dobraram nos últimos dez anos. Segundo o IBGE, as casas sem acesso a saneamento básico aumentaram de 3,2 milhões para 5,1 milhões entre 2010 e 2019, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro, mas também em grande número em Belém, Manaus e Salvador.